sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Partir sem ter planos.


Coisa que gosto é poder partir sem ter planos.

Natal. Ano novo. Descanso. Malas. Aeroporto. Passeio na praia. Livros. Biquíni. Chinelo. Nada de internet, ar condicionado ou salto alto. Enfim, férias.

Não, não são férias das pessoas, do trabalho, da rotina. É uma espécie de férias de mim mesma. Pela primeira vez, nos últimos anos, passei uns dias sem a cabeça funcionando, sem a vontade compulsiva de escrever, de resolver, falar, explicar, complicar, organizar. Férias... meu jeito simples de me encontrar em mim mesma.
E não tem preço café da manhã de hotel. Caminhar na praia. Olhar o céu sem hora de acabar. O relógio esquecido na mesa de cabeceira da minha cama feitinha lá na cidade mineira, e não precisar dele para nada. Passeios de mãos dadas. Cheiro de protetor solar. Passar quinze dias sem um check list. Caixas de emails e celular off line. Escrever com coqueiro, céu e sol me olhando neste fim de tarde. Escrever por escrever, sem precisar me esvaziar.

Quem não precisa de férias de si mesmo? Agradeço as minhas. Eu também me canso. Me canso do meu medo, da minha felicidade, das minhas manias, das minhas esquisitices, do meu humor, da minha praticidade, das minhas certezas, da minha paz, da minha inquietação, das minhas falhas, de querer estar sempre certa. Ser eu cansa. E férias me descansam.

Estou off-line. Mente aberta, coração e cabeça funcionando na mesma sintonia. Vivendo pra ser melhor, e só. Ano novo apontando no horizonte.

Já disse, não sou muito afeta a tradições. E o réveillon não passa imune. 10-9-8-7-6-5-4-3-2-1 e...... e..... E... nada. Ainda somos os mesmos, ainda sou eu, ainda é você, na mesma vida, apenas um segundo depois.

Mas, tudo bem, me rendo aos abraços gratuitos que todo mundo distribui neste momento, às risadas sem motivo, à saudade boa daquele abraço que eu não tenho mais, ao barulho das rolhas saltitando dos espumantes, às lágrimas suaves, mas inevitáveis dos meus pais, aos bons desejos, a mente esperando forte e firme tudo que os próximos 365 dias guardam. Poderiam ser 20, 456 ou 1537, mas são 365 e me servem. Me rendo a fechar um ciclo. A me proporcionar a chance de fazer melhor. O que foi feito até hoje, às 11:59 horas, passou. O que vem, pode ser restaurado, ajeitado, conduzido ao nosso modo. Não é isso? É sim. É apenas outra chance. Mas o que mais se pode esperar na vida do que outra chance? Que seja bem aproveitada então.

Renovem as promessas, pense naquilo que você espera para depois dos fogos de artifício. As minhas estão refeitas. Estudar mais. Dormir mais. Menos internet. Não deixar a monografia da pós para o último dia do prazo. Adquirir o novo pacote de depilação a laser. Fazer novos amigos. Rever os velhos. Cultivar os bons. Ser sempre mais doce, mais leve, mais equilibrada. Ser menos louca, sistemática e pensante. Comprar menos. Malhar os doze meses do ano. Diminuir a coca-cola e o Mc Donald’s. Manter o peso. Ver mais vezes o pôr do sol e o nascer também. Ir mais vezes a praças. Não cometer injustiças. Viver do meu jeito, pra ser melhor, e só.

Este momento, este exato segundo, pra mim é mágico. Pensar lá no fundo o que eu preciso de mim e da minha vida pra ser ainda mais feliz e completa. Agradecer. Sorrir. Re-olhar o céu. Missão cumprida. Balanço feito. O mais importante não está escrito, já que com ou sem janela aberta, tenho meus mistérios. Mas está feito. Agora, só ano que vem.

Coisa que gosto é poder partir sem ter planos, melhor ainda é poder voltar quando quero.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

É só um apertinho.


Não gosto de sentir o peito apertado, sem saber porque. Não é aperto de tristeza, que eu desconheço isso. Sou feliz, quase idiota. É um aperto de não saber mesmo. De alguma falta, algo que saiu diferente do que deveria, algum mistério, alguma coisa que não pôde ser. Ou aperto de fim de tarde, de fim de expediente, de fim de ano. Ou aperto de não está cabendo, não serviu, ficou pequeno. Preciso de cumprir meus roteiros, não sei sair dos planos. É que sou muita entrega. Muita entrega pra 53 quilos. Precisaria de menos. Menos entrega, birra, manha. Ou mais. Mais quilos, tamanho ou idade. Sou criança, lembra? Menina, pequena, faço bico, manha, fecho a cara se não gostei. Não sei ouvir não. Não aceito sentir que estou sendo contrariada, que alguma vontade ou desejo meu possam ser negados. Eu sou estranha. Mas me sinto idiotamente feliz e completa quando enxergo que me conheço tanto e me aceito assim. Esquisita, mas inteira. Real. Transparente. Porque, há muito já perdi meus medos de mostrar o que sou e o que penso. E tento viver sem planejar. E se a proposta não parece boa, você não precisa aceitar. Porque também não aceito certas moedas. Em dias destes gosto de me cuidar, e, então é que me gosto mais. É que gosto de quem cuida de mim, mesmo quando este alguém sou eu mesma. Lá vou eu, atrás de uns colos bons.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Só imaginando.

Cenário um: Um pai. Uma mãe. Uma menininha. O pai, agressivo. A mãe, covarde. A mãe vai embora. A filha fica com o pai. O pai tinha uma amante, que tinha uma filha, que era violentada por ele.

Cenário dois: Um pai. Uma mãe. Um menininho. A mãe vai embora. O pai também; é assassinado. Um filho fica com a avó. O outro é preso por assalto a mão armada e com acusações de estupro.

Cenário três: A menininha da primeira história se encontra com o menininho da segunda. Agora eles são: Um pai. Uma mãe. Um menininho que pegou emprestado o nome do pai. O pai, suposto ídolo. Suposto assassino também. A mãe, suposta modelo. Suposta garota de programa.

Cenário quatro: A mãe foi morta. Pelos amigos do papai. O papai foi preso. O menininho ficou sem pai, sem mãe.

Os personagens das histórias têm nome. Nome conhecido. Era pra ser só mais um caso policial, como tantos outros. Mas não foi. No último ano tivemos overdose da tal história. A mídia fez o papel que tantas vezes cumpre muito bem de des-informar e fez do que era para ser um caso de polícia, algo muito próximo de uma trama da novela das 8. Mas isso já é clichê.

Era uma tragédia anunciada. A suposta crueldade e os motivos obscuros chamam a atenção, mas sinceramente não entendi a surpresa. É só mais um caso, entre milhares, ou não? Hoje eles foram pronunciados e serão, logo, submetidos a um júri popular. E eu não consegui sentir um segundo de satisfação com isso, ou de alívio, ou do que chamam de justiça-sendo-feita.

Talvez eles sejam assassinos. Talvez vítimas. Se algum for, de fato, o assassino, será apenas mais um, entre centenas que são diariamente soltos, porque a mídia só tem olhos para o que quer ver. Parei há tempos de ler as notícias do tal caso, porque é angustiante. É que enclausurar este pessoal dentro de quartos apertados, frios e com mal cheiro não satisfaz meus desejos humanos mais íntimos pro mundo. Não mesmo. À princípio, é confortável imaginar que mais um ser que possa me fazer mal estará enjaulado. Mas... não é isso que eu espero pro mundo no qual eu ainda não perdi a esperança de viver.

Não consigo ter raiva do tal moço. Ter raiva do que, de quem? Quem é o culpado do que? Aonde começa o problema? E aonde acaba? Aonde vai parar? Quem são as vítimas? Também tenho culpa por assistir parada ao Estado produzindo assassinos, criando pequenos monstros e loucos. E você também tem.

Aí, seja por questões genéticas, seja por questões sociais eu não consigo achar que o menininho lá de cima que herdou o nome do pai vá ter uma infância ou uma vida feliz e digna... Poxa, é só ele começar a entender as coisas e vai descobrir que a mãe está morta, talvez, pelo pai, que por sua vez está preso; e que ele mora com a avó que abandonou a mãe ou com o avô que a abusou.

Me entristece saber que eu tenho cama, comida, emprego, colo de mãe e pai, conforto, estrutura, instrução, educação, alegria, motivos pra achar que eu sou a pessoa mais feliz que já houve, boas lembranças na memória. E que este menininho, representante de milhares de outros menininhos viverá certamente em traumas. Talvez uma vida parecida demais com a de seu pai ou de sua mãe pra imaginarmos que coisas boas possam acontecer pra ele.

Peço desculpas a mim mesma, por neste momento, estar pessimista e desesperançosa. A realidade que o suposto assassino e a suposta prostituta viveram é muito diferente da minha para que eu possa fazer um julgamento disso tudo, sem parecer uma louca cheia de compaixão com a vida alheia ou uma mulher indefesa e amedrontada diante da realidade.

Não quero eximir ninguém e isso também não caberia a mim, que sou pessoalmente e diariamente atingida pelo medo. Só realmente queria que este rapaz fosse inocente. Por nada. Apenas porque eu realmente gostaria que ele tivesse aproveitado a oportunidade de ser algo que a vida não oportunizou que ele fosse. A vida disse que ele não seria nada e até aqui ele tinha conseguido sozinho, o que foi predestinado a não alcançar: um futuro bom. E perdeu isso fazendo exatamente o que ele foi criado para fazer. Não estou e nem vou analisar como um ser que se denomina humano tem a coragem de fazer determinadas coisas, e eu nem sei, e não sei mesmo se ele fez. Mas gostaria que não.

Mas mesmo assim não é justo. Nada nesta história me parece justo.
Macarrão, Bola, Coxinha. Como eu posso exigir de gente com nome de comida ou de coisa, gente sem endereço, rumo e sobrenome que respeitem o próximo.

Como pedir algo a alguém que viu ainda adolescente os melhores amigos morrerem de tiro, ou de droga, a mãe apanhar do pai, o irmão ser preso, o pai morrer de dívida ou de desgosto...? Como pedir ou exigir qualquer coisa de alguém assim? Como pedir amor, compaixão ou respeito? Como exigir carinho, solidariedade ou responsabilidade? Como pedir amor à vida pra alguém que não conheceu. Nem o amor, nem a vida.

Infelizmente, não dá. E não vai dar ainda por muito tempo. Somos obrigados a fingir que não é com a gente, que ninguém perguntou, porque é o único jeito de viver nossas vidas. A gente se esconde por trás de muros altos e eles sobrevivem nos morros, ou atrás das grades. Mas cada amanhecer é tão triste pra eles, quanto pra nós, sob diferentes pontos de vista.

Eu queria que o tal Bruno, (e poderia ser Pedro, Felipe, João, Henrique), fosse inocente. ... E ainda quero. Fico aguardando dias melhores. Por enquanto, só imaginando.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Um sonho bom!

Sempre fico a pensar no que os sonhos representam. Às vezes acho que são uma modo de fazer algo que gostaríamos de ter feito e não tivemos possibilidade ou coragem. Às vezes acho que são um modo de realizar ou viver algo que não gostaríamos, mas pelo que devemos passar, pra experimentar sensações, testar nossos medos, nossa moral, nossas vontades. Às vezes acho que nem uma coisa, nem outra, que não querem dizer nada, que é só diversão do inconsciente, da alma, pra sair da mesmice dos nossos pensamentos ou da nossa rotina.

Eu nunca sonhei com meu irmão. Sempre pedia pra isso acontecer só quando fosse a hora. Digo, nunca tinha sonhado. Até esta noite.

O sonho: Uma festinha lá em casa. (não rara). Os amigos todos lá. Meus pais. Os meninos. Os vizinhos de muro e de rua. Churrasco, pinga (argh), vodka, água de côco, suco de laranja, os amendoins da minha mãe. Eu resolvi tomar conta do som, o que normalmente não é autorizado, uma vez que meu gosto musical é considerado duvidoso. Coloquei uma música do Alexandre Pires no Repeat: "Quem é você? Você é o grande amor da minha viiiiida"... Depois de duas horas tocando a mesma música, ele se aproximou do som, fingiu que me xingou e desligou. Eu dei um grito lá de longe e corri pra ele: "Não tira minha músiiiiiiica!" Ele me olhou. Sorriu. Doce. Bravo-de-mentira. Me chamou de baranga. E me passou os braços em volta do pescoço, como ele sempre fez. E, então, a gente riu. Um pro outro.

Acordei pensando: "É, isso, seu atrevido? 4 anos sem sonhar com você e você vem com este sonho bobo?" É verdade que eu havia imaginado alguma outra coisa. Mas acordei em paz. Como se ele ainda fosse parte da minha vida. Pra mim, o que mais importa, são os detalhes. É o que é simples e bom. Então, entendi. Entendi que não haveria maneira melhor de sentir que ele ainda é parte de tudo em mim e na minha vida. E é. E eu senti. Pode ter sido só um sonho. Mas foi real. E foi simples. E bom.

A propósito, não, eu não gosto desta música.
Saudadezinha boa.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Vi, vivi ou inventei!

Eu nunca expliquei de onde surgiu o nome do blog. Acho até que deveria ter sido a primeira coisa a ser feita quando ele nasceu. Ou nem devia explicar e deixar cada um entender ao seu modo, fazer sua interpretação. Mas vou dizer.

Eu estava lendo Martha em um dia qualquer. E quem me conhece sabe da minha adoração por esta mulher. Não sou de muitos ídolos, mas ela é, definitivamente, uma das minhas. Diz tudo que eu quero dizer, pensa tudo que eu penso, escreve tudo que eu quero escrever. Às vezes sinto aflição, porque gostaria de ter, eu, dito antes.

Tem um texto dela, chamado A Janela dos Outros, em que ela fala sobre como o ser humano tende a só querer ver o que mostra sua própria janela, como se a visão ou opinião do outro não tivesse mesmo muita importância.

Em um momento da crônica, perto do final, ela diz “A sabedoria recomenda que falemos menos, que batamos menos o martelo e que sejamos menos enfáticos”. Conheço poucas pessoas que falem tanto e batam tanto o martelo como eu. Minha melhor amiga sempre diz que eu sou enfática e isso vindo de alguém que eu sei que me ama e me admira tanto, pode ser entendido como algo próximo de cabeça dura, mimada, birrenta ou teimosa. Ou tudo ao mesmo tempo.

De alguma forma eu sou mesmo isso. Acredito tanto naquilo em que acredito que sinto necessidade de enfatizar, de frisar, grifar com marca-texto, escrever no post-it, no mural, no blog. Mas, apesar da crença nas coisas que me despertam verdade, não tenho pudor algum de mudar de opinião. Sou a pessoa do outro lado. A longo prazo sou um milhão de contradições. Vou me alternando entre versões distintas. Olhando a janela alheia. Subindo no muro para ponderar os dois lados que toda história tem. Vivo assim. E pra mim, funciona.

Falta isso nas pessoas. Falta baixar a guarda, falta desengatilhar as armas e viver mais leve. Cada um do seu jeito. Cada um levando a vida como acha melhor. Cada um carregando sua própria cruz. Cada um respeitando as escolhas que o outro faz. Cada um aceitando que nenhuma verdade é absoluta e que o centro do universo passa longe de seu próprio umbigo. Sempre digo, quem carrega as responsabilidades pelo que eu faço sou eu. E quem carrega as culpas pelo que você faz é você. Eu assumo de cá. Você assume daí. E pronto. E ponto. Cada macaco no seu galho. Cada um com seus problemas.

Me sinto perdida quando acho que não estão olhando da minha janela, que não estão se pondo no meu lugar, nem tentando entender o que eu sinto e penso. E muitas vezes, sem sequer ouvir o que eu tenho a dizer. Por isso o blog, por isso o nome. Afinal de contas, aqui, fica escancarada a minha janela, a chance de que o outro espie minha alma, minhas opiniões e minha vida.

Assim me sinto com a missão cumprida de que, mesmo se for para não concordar comigo, as pessoas terão antes uma versão escrita, uma opinião concreta, um martelo batido, um ponto de partida. Fica o registro do que há em mim. Janela aberta.

Sempre soube que definições são limitadoras.

Aqui, aceitei correr este risco, lembrando a quem importar saber, que o melhor não está escrito e não está mesmo. Foi só o jeito que eu inventei para não morrer sufocada. Aqui, da minha janela, da janela da minha vida, tem eu. Eu em palavras, eu ao meu modo, eu na minha versão. Eu e a minha verdade. A verdade que eu vivo, vejo ou invento. E nem por isso deixa de ser minha. A janela da minha vida.

sábado, 20 de novembro de 2010

Dias bons de ser feliz.

Seria mais uma sábado qualquer. Mas amanheceu um dia desses que fazem gosto levantar da cama. Abrir todas as janelas da casa. Ficar olhando pro céu e deixar o vento passar. Sem pensar em muita coisa. Dia bom de ser feliz. Calor. Passei o dia estudando, de frente para o computador. Mas a vista da janela lateral me lembrou a cada segundo de sentir aquela sensação boa de dias lindos. Vontade de colocar um vestido curto. Esvoaçante. E sair por aí distribuindo uns sorrisos gratuitos.

Sozinha em casa. Hora de dar a comida dos meus bebês. Dei, troquei água. Liguei a mangueira para molhar o jardim de papai. Molhei. O dia lindo ao meu redor. Thor e Lilico brincando por ali. Um andando atrás de mim e me observando com um olharzinho de quem me ama; o outro com meu chinelo tentando me fazer brincar de pega-pega que ele adora.

Eu, de short jeans, camiseta e chinelo (só em um pé, o outro na boca do Thor) e a água gelada caindo nos meus pés. Sem raciocinar muito o que estava fazendo me molhei também. Short, cabelo, blusa. Um banho de mangueira. E ri. Ri sozinha. E só pra mim. Mas quase dava para ouvir.

Imediatamente me transportei para um tempo ao qual não pertenço mais. Uns poucos anos de idade. Um andar inseguro. Uns dentes a menos na boca. Uma magreza de parecer quebrar. Uma infância colorida. O primeiro Lilico. Neste mesmo quintal. Eu, meu irmão e meus pais. E as muitas tardes de mangueira. De molhar a roupa. Biquíni pra que? Sempre foi mais divertido assim. Biquíni, piscina são chatos. O legal era a mangueira.

Mangueira pra fazer chuva de mentira. Mangueira pra gritar e rir alto com a água gelada. Para ficar descalço. Para esquecer a gripe e o frio. Mangueira para congelar um momento único onde nós nos pertencíamos tanto. Hoje, mangueira pra desorganizar a chatice do dia a dia. Onde meu cabelo, roupa, unhas e sorrisos são matematicamente pensados para estar sempre em seus devidos lugares.

Mangueira desconstrói. Desconstroí a responsabilidade que está a me chamar, a autocrítica que eu carrego por onde vou, os pensamentos que não cabem mais em mim. Me devolve a sensação de anos atrás. Onde não, não tinha um computador cheio de coisas pra fazer, sempre me esperando. Onde tudo que a gente precisava era ficar ali. Até cansar, até o dedo enrugar, até não suportar o frio, enrolar na toalha e ir pro banho quente.

É o meu quintal. Que eu já mencionei em outros posts. O quintal onde tem guardadas minhas melhores memórias.

A vontade urgente é pegar os filhos que ainda não tenho e colocá-los exatamente neste lugar. Eu prometo que eles terão quintal e tardes de mangueira. Na próxima tarde de sol, eu roubo a sobrinha na casa dela e trago pra cá, pra garantir que ela tenha boas lembranças da infância e de tardes como esta.

Hoje, de alguma forma, eu estive lá. Onde éramos só nós. Felizes. Descalços. Sorridentes. Excitados. Risonhos. E molhados.

Post escrito com a janela lateral me mostrando o dia lindo indo embora. E anunciando que a noite hoje também vai ser uma linda noite de lua cheia. A noite me traz outras lembranças. Ficam para qualquer outro dia destes. Por hoje, me bastam as tardes de mangueira.

Dia bom de ser feliz.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O amor acaba..


Alguém duvida? A-ca-ba!

É certo que viver se preparando para isso, - para o fim do amor -, não tem graça e não tem a menor lógica. Cá estou eu me aproximando dos quatro aninhos de nós dois, cheia de certezas, expurgando cada dúvida, qualquer indício de que eu não vá estar pra sempre onde estou.

Mas ainda assim, nem eu, nem ele, nem você, temos certeza de quanto tempo dura. Pra sempre é muito tempo, pra sempre é um lugar que eu adoro e é bom de estar. Adoro sentir que alguma coisa nunca vai terminar. Mas quem vai saber?

Ou você acha que aquele casal que namorou doze anos, se casou e se separou depois de um ano juntos achou que fosse acabar? Ou aquele que se apaixonou e viveu os dois meses mais intensos de suas vidas? Ou aqueles dois que largaram seus antigos relacionamentos por não acreditarem que pudessem viver um sem o outro? Ou aquele outro que já começou com jeito de quem ia terminar? Não achou. Não acharam. Ninguém achou. Mas acabou. Porque o amor acaba sim.

Outro dia, na mesa de um restaurante, a história (triste) era:

“Ele chegou em casa, nos pediu pra conversar e disse:
‘- O amor acabou e estou indo embora.’
Levantou, fez as malas e foi.”

A frase veio da mãe de um amigo, que com seus oitenta e poucos anos narrava o dia que seu casamento de vinte e seis anos terminou. E o detalhe é que, mesmo que isto tenha ocorrido anos atrás, eu juro que eu vi lágrimas nos seus olhos.

Sim. Ele pode acordar, naquele sábado lindo, com o dia colorido e achar tudo cinza. E me olhar e pensar que eu ainda sou sua melhor amiga, mas apenas isso. Me olhar e achar que eu sou linda, mas não a mais linda das mulheres que já houve no mundo. E que eu sou uma boa moça, mas não mais a que ele imagina mãe de seus filhos. Ou que meu creme tem um bom cheirinho, mas não o perfume que o remete ao melhor cheiro das flores, da primeira noite de amor, onde ele desejou estar pra sempre. Ou que meus cabelos negros são bonitos lisos, mas que ele quer filhos com cachinhos. Ou que eu sou forte e doce, mas não é a força, nem a doçura que ele espera ter por trás de si ao caminhar pela vida afora.

Enfim, o amor acaba. E o fim do amor é muito difícil. De encarar. De enxergar. De aceitar. Porque não são necessários motivos, razões ou por quês. E coisas sem explicação nos dão esta ruim sensação. Acaba. Somos parte das ciências humanas e não das exatas e ninguém controla, portanto, o que não tem mesmo controle. A parte da culpa é assunto pra outra hora, mas a certeza é que ninguém pode ser considerado culpado pelo fim do amor.

Não é tão simples assim entender isso. Em um dia o cara (aquele, do cavalo branco) te dá o mundo. No outro, tira. Vem e devolve o chão que você não queria mais pisar. Porque escolheu viver no conto-de-fadas onde quem ama, vive. De repente, lá estão eles, seus pés, no chão. De onde você, nesta hora, deseja que eles nunca tivessem saído.

A gente sabe. Sonha diariamente com o pra sempre. Espera o dia do casamento, da notícia da primeira gravidez, das primeiras rugas, da aposentadoria a dois. Mas sabe disso. O amor pode terminar. E eu não estou preparada para isso. E nem vou.

Muitos relacionamentos terminam antes do amor esgotar. Por falta de dinâmica e não pelo fim do sentimento, em sua essência. E isso, como sempre, é assunto para outro post. Por hora, eu, que optei por viver minha tal fantasia (apesar das doses freqüentes de realidade), não quero que ele se finde em mim. Sempre vou precisar de amor e por isso não vou a lugar nenhum. Pelo menos, não até que ele acabe.

É assim que é.

Pós Scriptum de esperança: Finais são tristes, mas não precisam de levar a ternura do tempo em que o amor existiu. Depois de todo final, há um recomeço. Para um novo amor surgir é necessário que o anterior chegue ao fim.

É, é assim que é.

sábado, 30 de outubro de 2010

Um relicário imenso deste amor..


O post pronto pra ser publicado hoje era sobre quando o amor chega ao fim.

Só que ontem fui pra casa da melhor amiga. Aniversário de 25 aninhos. Fui direto do trabalho. Cheguei lá antes dela. Curti a mãe, que é como se fosse minha. Dei presente. Aproveitei a irmã pequena, que carreguei no colo e agora é quase maior que eu. Ajudei a arrumar os detalhes antes do pessoal chegar. Como sempre.

O namorado dela chegou. É mais que um grande amigo. Perguntou se eu sabia guardar um segredo. É coisa que eu sei fazer bem. Guardo muitos segredos. Não meus, dos outros. Prometi. Ele contou que ia pedí-la em casamento. Eu dei um grito, lhe dei um beijo e um abraço apertado, senti um frio na barriga, me arrepiei e passei mal a noite inteira com esta informação disparando meu coração de minuto em minuto.

Por isso vai ficar para depois o post que falava sobre o fim do amor. De repente, acreditar que o amor é definitivo é tudo que tem importância. O amor nunca acabar é a única coisa que eu posso pensar e acreditar em dias assim. Hoje só quero pensar em coisas eternas. No confortável “Pra Sempre”.

Eles ficaram noivos. Eu já sabia. Na hora H, lá estava eu, de câmera na mão, filmando o momento mais importante que eu vivi nos últimos tempos. O mais estranho é perceber, que ela, minha melhor amiga, com quem eu cresci, pra quem eu contei meus maiores segredos, que dividiu comigo todos os momentos relevantes da minha vida, estava ali, virando mulher, deixando de ser só a filha do Maurílio e da Izabel, pra ser a noiva e futura esposa do Paulinho.

Ela é minha companheira. Minha irmã. Nunca entendi bem como nós, duas pessoas tão diferentes, somos, ao mesmo tempo, tão parecidas. E nos completamos com tanta simplicidade e intensidade. Crescemos juntas. Estudamos juntas em vésperas de prova e do vestibular. Sempre fui grande amiga dos seus namorados. Amo o pão-de-queijo que a mãe dela faz. Durante um ano inteiro domingo era dia de sairmos de casa, só nós duas, às 5:30 horas da manhã para ir a festas de música eletrônica. Meus pais não se importavam, nem os dela, por estarmos uma com a outra. E a gente se cuidava, sempre se cuidou. Experimentamos e vivemos juntas muitas sensações pela primeira vez.

Com ela eu ouvi Manitu naquele Peugeot por vários quilômetros, bairros, cidades. Corremos na lagoa. Tomamos água de côco e açaí. Fomos ao bar do Veio. Na casa dos Ferolla, do Messer e do Dani. Tivemos os mesmos melhores amigos. Eu via Harry Potter com sua irmãzinha enquanto ela dormia. Eu estava lá a cada início e fim de relacionamento. E estive quando ela e o agora noivo se beijaram pela primeira vez. E eu fui a cupida. Também estava lá, no dia 24.02.2007, quando ela, marcava sua vida com o início do namoro com o Paulinho, no Mc Donald’s da Savassi, depois do churrasco na casa do Dani.

Ela esteve ao meu lado quando vivi uma das minhas primeiras paixões. Acompanhou cada momento da segunda. E participa diariamente da última, aquela paixão que se transformou em amor. Ela é discreta, muito mais que eu. Ela é séria, muito mais que eu. Ela ama que eu seja como sou e me permite ser, meio desequilibrada, livre, sistemática, correta, justa, louca, desorientada, sensível, feliz e DELA. Eu a amo exatamente como é, doce, forte, equilibrada, racional, ciumenta, controlada, suave, firme, responsável, inteligente. Tudo ao mesmo tempo. Não necessariamente nesta ordem.

A família dela é minha (e a minha é dela). O pai da noiva, emocionado, passou a noite me chamando de segunda filha, que eu sou e sei que sou. A mãe do noivo passou horas conversando comigo sobre sonhos. A mãe da noiva me olhou com ternura e cumplicidade de quem divide a emoção de um momento único. O bebê passou o noivado no meu colo, me lembrando de como eu preciso de ter logo meus 3 filhos.

Eles, a melhor amiga e o noivo, são muito diferentes de mim e do Bi. Mas a gente se encaixa, se ama e vive bem, muito bem. Os quatro. Nos entendemos. E durante os últimos quatro anos eles me fizeram amá-los intensamente. Eles serão padrinhos do meu casamento e dos meus filhos. E neste momento, imaginar que eu possa ser deles me emociona ainda mais.

Ela é minha melhor amiga.

E me conhece como ninguém. E sabe coisas sobre mim que talvez nem eu saiba. E me diz coisas que eu preciso de ouvir. E me mantém exercitando o que há de melhor em mim. Sempre. Meu ouvido. Meu colo. Meu ombro. Meu porto seguro. Meu equilíbrio. Meu centro de gravidade. Somos inseparáveis. Ela foi minha amiga de infância. E virou uma linda mulher. Pra mim, ela sempre será aquela com quem eu ouvia Relicário, olhando pro céu em uma certa cobertura da Rua Nadir. Nós sempre rimos até a barriga doer, não importando a situação. E ao seu lado me apaixonei tantas vezes pela vida.

Na hora, antes dele fazer o pedido, antes dele dizer o que ele sentia, antes dele realizar este sonho que também é meu, eu já estava chorando. Logo eu, que não choro mais na frente das pessoas, que me engano que eu tenha total controle sobre mim e minha vida. Eu, que me prometi não chorar no casamento dela, nem quando pegasse o filho dela no colo pela primeira vez, ontem, chorei como boba ao sentir tanto amor em um único lugar.

Por ali, ficou o "burburinho" gritado de que eu sou a próxima da fila. Que na minha frente só havia ela, e agora não há mais ninguém. Que minha hora chegou e que ficariam aguardando o meu noivado. Vou ter que organizar a tal fila. Mas talvez eu seja mesmo a próxima. Vai saber.

Eu fui a última a ir embora. E pretendo sempre ser, sempre estar até o final. Às 4:00 horas da manhã, eu fui pra casa, com a sensação melhor do mundo de que ela está em boas mãos. De que todo mundo se foi, mas ela está sob os cuidados da doce e cuidadosa Izabel e do amável e engraçado Maurílio e logo, logo, daquele que eu tenho certeza que será um bom marido.

Minha melhor amiga está noiva. E, ontem foi, definitivamente, um dos dias mais felizes da minha vida.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

meus gostos II...


Gosto...de ser menina de blusa Hering, calça jeans, all star e rabo-de-cavalo.
Gosto...de ser mulher de tomara-que-caia, saia curta, salto alto e maquiagem.

domingo, 17 de outubro de 2010

Quando a morte conta uma história...

...você deve parar para ler.

É estranho que eu tenha demorado quase um ano para ler o tal livro.

Li as 100 primeiras páginas em meados de maio e parei. Daí, por meses, ele me olhou da mesinha ao lado da minha cama. Acabou chegando de novo até mim. Custei, mas li novamente as tais primeiras páginas. Fez mais sentido. Quis saber onde acabava a história.

Por dias e dias, neste último mês, a tal história foi meu lugar seguro. É engraçado que eu tenha passado meses pra arrumar tempo pra ler e neste momento todo meu tempo livre tenha sido dedicado a ele.

Sarou minha ansiedade, aliviou momentos de inquietação, de não saber. E eu corri praquela história onde eu passei minhas últimas noites inteiras. E lendo eu me sentia em um lugar que é meu, em algum lugar onde eu deveria estar. Cada saukerl e cada saumensch lidos me remeteram imediatamente a alguma coisa que eu não sou. Ou não pude ser. Ou viver.

O livro parece um mau pressentimento. Você vai lendo e sentindo e sendo alertado que algo não vai acabar bem. Mesmo torcendo e procurando sinais de que iria. Apesar do clima desconfortável, a história tem uma simplicidade que me remete à felicidade. E tem várias e várias histórias de amor, no mais amplo sentido da palavra. Amor simples e real.

Ao menos ali, eu sabia que não haveria surpresas, nem como mudar o fim da história. Começo, meio e fim já estavam destinados a ser o que quer que fossem, bom ou ruim. E por isso o livro foi para onde eu corri. Por isso os livros são para onde eu corro.

Aquela é a história de um cumpridor de promessas. De verdadeiras amizades. De relações fraternas. Eternas. De um primeiro amor. De alguém que achou sua fuga nas palavras. E descobriu o poder delas. De gente que se amou por não ter mesmo muito além de si mesmos. E também é a história de uma guerra.

Mas ainda assim por várias noites a história me salvou. Me acalmou. Me fez esquecer tudo que incomodava, que me tirava o controle, o foco. Foi meu lugar preferido. Ruim só ver as páginas passando, a história acabando e pensar pra onde eu iria fugir quando acabasse de ler. Acabou: O livro e talvez a necessidade de fugir.

Mais da metade da história foi lida na Praça da Liberdade. Onde também é um dos meus lugares seguros. Onde eu amo estar. Mesmo com a poluição e o barulho dos carros, lá tem silêncio e ar puro. Lá tem câmera lenta e som de passarinhos. Lá tem eu, na minha melhor versão.

O último quinto do livro eu acabei agora. 00:02 horas, deste 14 de outubro. Chorei de soluçar, perdi o ar. Nem me lembro da última vez que chorei assim. Digo, me lembro sim. E faz tempo. Quis avisar aos saukerls e às saumenschs da minha vida quanto são amados. Quanto são lembrados. Quanto são importantes. E quanto eu não gostaria que nenhum deles fosse embora nunca.

É uma história muito triste. Mas muito muito doce e linda. E se é que é possível deixa uma lembrança feliz. É uma história onde eu ainda queria estar. E me fez aprender, pra nunca mais esquecer, que saukerl e saumensch são um jeito lindo de falar de amor.

Amor, no mais amplo sentido da palavra.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Promessas.

Ela se queixa há dias porque as promessas dele não foram cumpridas. Exige isso dele, mas não é sequer capaz de cumprir as promessas que faz a si mesma.

Ele não foi capaz de cumprir as promessas que fez a ela. Promessas de amor. Prometeu sempre amá-la, desejá-la. Sempre pensar nela. Sempre achá-la a mais linda das mulheres. Sempre reagir só ao mesmo cheiro e ser só dela. Prometeu até avisar quando não fosse capaz de sentir mais nada disso. Prometeu e não cumpriu.

Então, depois de entender que o mocinho não valia à pena, ela se prometeu nunca mais atender aos chamados dele. Depois quando os chamados pararam, se prometeu nunca mais ligar pra ele. Depois nunca mais mandar emails. Nunca mais falar no MSN. Nunca mais mensagens. Nunca mais ouvir a música dos dois. Nunca mais sonhar com ele. Nunca mais sorrir sozinha ou sentir frio na barriga ao se permitir lembrá-lo. Nunca mais.

Promete, mas também não cumpre. Liga, manda os emails, mensagens. Sonha e pensa nele 24 horas por dia. Ouve a música deles quando quer. E quando não quer. (porque faz parte da magia que a trilha sonora deles passe a tocar em qualquer radinho de pilha por aí). Sente. Pensa. Sonha.

Pois bem. Promessas todas não cumpridas. As dele e as dela. Pra ela, não conseguir cumprir as promessas que se faz, torna-se mais incômodo do que as ausências dele. É que quando o que o cara te faz sentir te impede de ser leal com você mesma, hummm, ai não vai dar certo. Não dá. E vai continuar não dando.

Depois de cada promessa descumprida ela vai saber que ele não merecia que ela fosse tão desleal consigo mesma. Tanto quanto ele foi. Ou vem sendo. E vai chorar. Vai chorar quando desligar o telefone e tiver a absoluta certeza de que o perdeu. De que ele é educado, ensaia umas gracinhas e uns sorrisos, mas está longe de ser aquele cara por quem ela se apaixonou. Está longe de ser aquele cara que a fez se apaixonar, sem que ela pudesse evitar.

Ele. Ele não devia ter prometido. Mas também não tem obrigação nenhuma com o cumprimento. Afinal de contas, amores não são contratos e promessas são no fundo feitas mesmo para serem descumpridas. (Nesta parte aceito minhas contradições, mudo de idéia em um post a ser publicado em breve.)

Talvez ele não seja aquele homem que ela achou que ele fosse. Mulher é assim, gosta de inventar paixões. Mas ela não é mais a paixão dele. Nem inventada. Nem de verdade. Mesmo que tenha acreditado ser, não é. Talvez nem nunca tenha sido também.

Daí, para as meninas de promessas não cumpridas, fica o palpite: Ele já não foi leal com você. Então, não seja uma réplica chinfrim de um homem que te mal usou. Ele não tinha este direito. E nem você tem. Você acreditou nele. E quebrou a cara. Culpa integralmente sua. Dê a você pelo menos o direito de continuar acreditando em si mesma e passe a cumprir suas promessas.

Cumpra as promessas que se fez! Hora de virar a página, de esquecer aquele que roubou seu coração. E o pegar de volta. Você se prometeu ir embora, sem olhar pra trás, se achasse que ele não valia a pena. Alguém que não cumpre promessas não pode mesmo valer. Sem mensagens, sem emails, sem ligações. Retome o caminho. Recupere o sentido e o controle. Mantenha o coração batendo no mesmo compasso, sem arritmias. Arrume outra pessoa pra repartir seus segredos. Enquanto a tal paixão ainda não te fez tão mal.

Zeca Baleiro como bom sabedor de amor foi quem alertou: "Não se move uma montanha, por um pálido pedido de alguém que não se (te) ama". Não mesmo. Não vale a pena. Não se sacrifique por ele.

Cumpra as promessas que fez a si mesma. E se não for capaz, apenas para o seu conforto, saiba que eu também não sou.
Vários posts prontos sobre isso. Diversas posições diferentes. Diferentes pontos de vista. O de hoje é este. Direto assim. Pros não cumpridores de promessas. Pras não cumpridoras também.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Fluidos transcendentais..


Ele me chama de marmota. De magrela. De gordinha. De bicuda. De baranga. Ele chama meu all star de kichute, minha alergia de pereba e minha calça xadrez de roupa de quadrilha. Ele me olha com carinho mesmo quando eu estou insuportavelmente chata de Tpm distribuindo indelicadezas por aí. E me dá bala ou sorvete. Ele arruma meu computador. Meu aumento. Meu humor. Ele me trata como se eu fosse um homenzinho. E me leva pro almoço só dos meninos. Ele divide a sala comigo. E faz piada de tudo que eu falo, faço e visto. Ele é criminalista, mas sempre tem boas teses civilistas. Ele me chama pra ir com ele até o Fórum de Nova Lima, só pela minha companhia. Ele me ensina tudo sobre os homens. Ele me acha linda, mas fala que eu sou “até bonitinha”. Ele é o Dj e anima as festas na minha casa, distribuindo pinga por ali. Ele diz que o Thor é mal educado e o Lilico vira-lata. Ele me espera para almoçar. E paga meus almoços. Ele me conhece como ninguém. E sabe meus segredos. Ele toma conta de mim. Ele tenta fugir dos meus beijos. E faz cara de nojo quando eu dou. Ele herdou o nome, as manias e a gentileza do pai. Ele tem pose de durão, mas tem o melhor coração. Ele tem ciúmes de mim. Ele é impulsivo e ansioso. Ele é sistemático. Ele me liga de madrugada. Ele me faz rir. Ele conserta tudo que há de ruim em mim. Ele tem uma intimidade irritante e exagerada comigo. Ele não ouve meus conselhos. Ele é meu irmão. Ele tem o melhor humor. Ele é conselheiro do Atlético. Ele teve o projeto de mestrado aprovado na Sorbonne.

Ele foi embora hoje.

Último almoço de despedida e ele se foi. Voltamos para o escritório. Um silêncio esquisito de todo mundo. A mesma sensação estranha. O mesmo nó na garganta. Eu, egoísta. Exatamente como eu fui da outra vez. Com direito a birra, manha, dengo, choro. Nesse momento com o olho mareado e o narizinho vermelho, segurando pra não descer lágrima.

Eu, mais uma vez, não vou ao aeroporto. Me dei o direito. Vou entrar para uma reunião e trabalhar.

Não é criancice, infantilidade ou exagero. ........ Tá bom, pode até ser.
Mas mesmo assim não abro mão. Não abro mão de passar meus dias ao lado dele, alguém que me causa tantas sensações boas na vida.Ele não sabe, mas desde que ele voltou não tirei a foto dele na minha carteira. Foi uma forma de garantir que este plano dele daria certo. De torcer caladinha para que saísse tudo como planejado.

Na última sexta a gente passou umas horinhas conversando, sobre a vida, na sala do pai, com um clima bom de sextas-feiras, com a vista bonita que tem ali. No ar, um aperto no peito de sentir que a despedida se aproximava, dizendo que ele não estaria mais ali na minha rotina, naquela sala, como tantas vezes estivemos.

Mesmo tendo torcido tanto pra isso dar certo, hoje fica um vazio. Mesmo falando pra ele todos os dias que eu não iria sentir saudade, eu vou. Só é vazio o que já esteve cheio. Só vou sentir falta, porque a presença foi indescritível.

Boa sorte, Cast. Vai com Deus, se cuida. Prometo cuidar da sua irmã, do seu pai. Prometo não fazer nada de errado. Prometo manter as coisas em ordem. Vai fazer mais falta do que imagina. Não me esquece e te espero na volta com aquela festa (surpresa) que ainda não saiu. A trilha sonora é pra você e você sabe bem porque.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Olhos de diamante.

Dois paredões. Duas estruturas. Firmes. Imponentes. Sempre soberanos. Vivos. Sempre ali. Olhos de diamante. Meus pais. Meu pai. Minha mãe.

Inabaláveis.

Digo, aparentemente, inabaláveis.......................

É difícil aceitar que nossos pais mudam. Que nossos pais são frágeis, falíveis. Que se entristecem. Que se perdem. Que se desestruturam. Que são humanos, e não heróis.

Difícil aceitar que talvez não exista mais o brilho dos olhos de diamante que por tantas vezes foram pousados sobre nós. Tanto amor, tanta alegria completa.

Durante os últimos mais de quatro anos eu neguei o fato de que eles poderiam mudar. Neguei que o fato de eu ter perdido meu irmão iria mudar tanto assim minha vida. Neguei que o fato deles terem perdido o filho também mudaria.

Mudou. Hoje, em meio a dias dos quais eu venho fugindo e situações que eu venho evitando, eu entendi isso. Mudou.

Pode parecer estranho dizer. Mas não é. É simples. Mudou. Muita coisa mudou. Eles mudaram. Talvez ela não seja mais aquela mulher destemida que foi. E que eu quero ser. Talvez ele não seja mais aquele homem leve que também foi. E que eu quero ser.

Eles ainda são incríveis. As pessoas mais incríveis que já conheci. Ela é a mais linda mulher que já houve. Ele o mais completo homem. Mas não são mais os mesmos.

Eles mudaram. Eu devo ter mudado também. Minha casa não é mais a mesma. Era pra onde eu corria, as vezes é onde eu não quero estar. É só as vezes. Mas é o suficiente pra incomodar.

É difícil eles precisarem de mim. Mais difícil é precisar deles quando eles precisam de mim primeiro. Nenhuma vez desde que meu irmão se foi, nenhuma, eu fui aos braços de meus pais chorar de saudade. Nem ao de ninguém mais. E eu vou sempre me recusar a isso.

Talvez por isso a imagem de parede, estrutura e olhos de diamante, inabalável, agora, seja pra eles, a minha. Mas eu estou longe, muito longe de ser tudo isso. Posso ter os olhos de diamante. O resto eu só tento ser. E preciso deles, firmes, inteiros pra fingir que sou.

Vê-los tropeçar, dobrar os joelhos, suplicar, fraquejar não ajuda. Mas é direito deles. Direito concedido pela mesma mão que tirou deles o que de mais importante tinham.

Quando ele estava aqui e meus pais não estavam bem, ele do jeito dele, de irmão mais velho, mas desajeitado, sempre dizia para eu não me preocupar. Que ia passar. E que a gente não precisava de fazer nada pra isso. Porque com pai e mãe era assim. Eles ficariam bem.

Eles mudaram.

Mas no meu mundo, eles não mudariam. No meu mundo, eles são e sempre seriam aquele homem e aquele mulher que me ensinaram a ser o que eu sou hoje e que nada abalaria.

Ainda é difícil que minha vida esteja marcada por uma perda e que meus momentos difíceis ainda tenham este pano de fundo. Eu me nego a viver um minuto sequer de tristeza por não ter meu irmão aqui. Sempre vou negar e resistir bravamente a qualquer sentimento ruim, que definitivamente não faz parte de mim.

Hoje foi apenas um dia difícil. Dia de perceber, constatar. E aceitar.

Dificilmente o que está postado aqui reflete meu estado de espírito do dia. Às vezes demoro meses para publicar. Outras, nem publico. É que senão é me mostrar demais. Mais do que deixar a janela aberta.

Hoje foi diferente. Post escrito agora. Sem correções, sem releituras. Sem tomar fôlego. Sem entender tão bem o sentimento a ponto de ter coragem de publicar. Simplesmente, eu e uma percepção nova.

Eles mudaram. Talvez não sejam mais inabaláveis. Talvez não sejam mais imponentes, inteiros e firmes. Mas ainda têm olhos de diamante.

sábado, 11 de setembro de 2010

A vida é um doce..

Hoje é aniversário do blog.

Há exato um aninho, aqui estava eu pela primeira vez.

Pela primeira vez falando sobre mim, me despindo para quem quisesse assistir, escancarando minha janela, me esvaziando, me aliviando, com suavidade, com firmeza, com certeza, com as contradições que existem em mim.

Durante um ano inteiro estive aqui, menos vezes do que gostaria, mas acho que suficiente. Avisando, alertando ao outro o que eu sou e o que eu não sou. Correndo um risco enorme ao fazer isso. Me lembrando de olhar no espelho da alma, me enxergar e aceitar o que eu vejo. Registrando aquilo que existe em mim. Pretendendo o impossível, mesmo sem acreditar que algo de fato o seja.

Me conheci melhor. Aprendi que meus pensamentos não comportam tudo aquilo que eu penso e por isso escrever foi tão importante. Organizei minhas idéias. Aceitei minha ingenuidade e minha inocência ao acreditar nas pessoas e ao me preocupar com elas, mais do que elas comigo, mais do que elas talvez precisassem. Descobri quantas vontades existem em mim. Aprendi a conhecer uma a uma. E a vivê-las inteiramente. Ou fugir, olhando pra trás, pra ver o que estava a deixar por ali.

Me enxerguei, por cada um destes dias de blog, muito mulher, segura, completa, madura e, também, muito moleca, infantil, criança, vulnerável. Doce. Leve. Tolerante. Assumi a personalidade difícil e desenvolvi um esforço constante em suavizá-la. Depois, voltei atrás e resolvi ser exatamente como sou, sabe-se lá o que isso queira dizer.

Me encarei aqui, nas minhas palavras, que foram sempre escritas, em primeiro lugar, pra mim mesma.

Fui livre. Sou livre. Não sou de ninguém. Não sou de mamãe e de papai. Não sou dele. Sou o que eu quiser ser. E traço meu destino. Faço minhas escolhas. Já que as conseqüências eu é que suporto. Do meu jeito, certa ou errada, sigo em frente. Vivendo diariamente um mundo inteiro de sentimentos dentro de mim mesma. Me aceitando. Imperfeita, com pecados, e me perdoando, sempre, como a Martha.

Me gostei. Profunda. Intensa.
Às vezes simplista, feliz demais pra querer racionalizar todas as coisas.
Me gostei falando o que penso. O que eu sinto. O que deu na telha.
Falando a verdade mesmo se fosse dolorida ou constrangedora.
E calando quando a verdade não importava mais.
Ouvi que era esquisita, louca, estranha, desajeitava.

Gostei de ler, de estudar, do saber, de inteligência. Mas, com licença, também gostei de compras, roupas, sapatos. E de milkshake de café, bala de minhoca. De joguinhos de computador e de celular. E me diverti. Sempre. Pra mim só tem graça se for achando graça, se for parando cada momento ruim para dar umas risadas e falar em voz alta pra mim mesma “ que vai passar e eu não preciso esperar passar pra rir de tudo!”. E sempre passou.

Meu último ano foi assim. A minha vida foi assim. É assim. Bem do meu jeito. E isso merece um suspiro de felicidade, um sorriso escancarado, um dia lindo, uma roupa colorida e um passeio sozinha no parque com um livro na mão. Isso merece não deixar de acreditar. Nos sonhos. Nas pessoas. No amor. Em comercial de margarina.

Hoje, no aniversário do blog, eu podia publicar qualquer um dos cerca de 20 posts que há no meu arquivo. Mas se meu blog é o meu jeito de diminuir o ritmo e aliviar a intensidade de tudo em minha vida, hoje eu não quis isso. 11 de setembro já tem uma carga muito pesada de conflitos mundiais, ataques suicidas, tensões religiosas, Guerra ao Terror.

Hoje eu só quis a emoção preferida do meu coração. De plenitude, de estar completa com o que há de melhor na vida. O que é simples e bom. Não ter nada e ter tudo. Me enxergar vivendo pro outro, mas estando em primeiro lugar. De sentir algo que dê pra pegar, pra tocar. Olhar nos olhos, assumir. Me assumir. Me enxergar princesa do papai. Boneca. Menina. Suave. Humana. Defeitos e fraquezas, que eu não preocupo mais em esconder. Mulher.

É isso que eu estou fazendo aqui hoje. Tentando ser somente doce. Do jeito que às vezes eu sou, mas não é sempre. Tentando me aceitar e aceitar tudo que é diferente. E aceitação faz parte do processo de si mesma. Parte do processo de viver em paz. De viver o outro. De viver o mundo. Aceitando.

Aceitando, inclusive, que no minuto seguinte, eu posso recusar. E passar a não aceitar mais, revoltar, indignar e fazer o que eu puder fazer pra mudar aquilo que eu acho que está diferente de como deveria estar. Do meu ponto de vista.

Doce, doce, doce, a vida é um doce. Como na música. Uma doce vida.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

É só a lembrança de um momento bom...


Fim de festa. Madrugada do dia 13 para o dia 14 do mês de agosto, 04:30 horas. Casa vazia. Umas horas antes, casa cheia. Aí fica aquela sensação boa. De missão cumprida. De aniversário comemorado. De ter pessoas pra se amar. Pra me amar. Todo mundo vai embora. Fica a bagunça melhor de arrumar, as fotos, uns presentes, a lembrança boa de mais um aniversário.

E também fica quem nunca vai.

Entre as toalhas de mesa e as cadeiras espalhadas pelo quintal, entre os copos, os embrulhos amassados de presente, os presentes. Entre a bebida derramada, o bolo, as velas.

Entre tudo isso, o melhor abraço do mundo.

Silencioso. Sem aviso. Sem motivo. Com todos os motivos do mundo. Demorado. No meio, bem no meio do quintal.

Normalmente, no meu quintal eu me sinto guardadinha, pequenininha, protegida. Sinto que o mundo é enorme lá fora. Nesta hora, não. Nesta hora meu quintal, sim, é que parecia o centro do mundo, enorme, meu lugar. A sensação é de que parecia que tudo é que girava em torno de nós. Ao redor do meu próprio mundo.

Como por coincidência, mas certa que de que não foi, a música era a mesma que embalou os dias mais mágicos que eu já vivi, no lugar mais mágico que já conheci.

E assim eu comecei meu dia. Pouco antes do sol nascer. Ali. Naquele abraço demorado. Silencioso, e de mil palavras. Onde eu quero sempre estar. Onde eu vou mesmo sempre estar. Num abraço que é meu. E o colo, os braços e o mundo também. Tudo meu.

Há lugares de onde nunca se deve sair. Há lugares pra onde sempre se deve voltar.

Hoje, tocou a tal música, na voz daquela que faz Kelly Key parecer poesia, ai eu lembrei.

Lembrança simples de um momento bom.


“Ser capitã desse mundo
Poder rodar sem fronteiras
Viver um ano em segundos
Não achar sonhos besteira
Me encantar com um livro, que fale sobre vaidade
Quando mentir for preciso, poder falar a verdade..”

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

nossos anjos..


Eu não me lembro bem de quando meus avôs se foram.

O da mamãe eu ainda era quase uma nenénzinha. Carrego pouca ou nenhuma lembrança e muitas histórias contadas por quem viveu com ele. O do papai tenho alguma coisa a mais na memória. O gosto de um chocolate de papel vermelho e do guaraná, que ele sempre comprava quando eu ia pra lá, além de umas boas histórias de um velhinho cheio de maniiias, de quem com certeza eu puxei as minhas.

Mas a lembrança mais marcante de quando ele se foi, foi ver o que se abateu sobre meu pai nos dias que se seguiram. Ninguém me preparou pra ver meu pai daquele jeito. Pai não devia poder ficar triste. Nem mãe. Afinal de contas são eles que sempre dizem: “na vida tudo tem jeito, filha! Tudo”... AAAh, tinha passado despercebido o restinho da tal frase. “na vida tudo tem jeito, filha! Tudo. MENOS a morte.” Eles bem que avisaram.

Hoje acordei com uma notícia ruim. Dona Carmen virou anjo. A verdade é que toda avó é um pouco anjo, né? A sensação é de que com o passar dos anos elas vão se “anjificando”. A sensação é que as avós passam os anos perdendo a saúde e a lucidez, mas ganhando, além da experiência, a pureza que a gente passa a vida inteira perdendo. Dona Carmen não é minha avó de sangue. Mas é como se fosse. Cresci vendo uma família, que também é minha, dedicando a ela todo amor que há no mundo.

Quando alguém se vai, automaticamente, minha memória resgata os melhores, ou mais simples, momentos que eu tive ao lado daquela pessoa. Com Dona Carmen as primeiras lembranças foram as noites na praia. Ela sempre foi minha companhia pra ver televisão. Ou eu a dela. A verdade é que tínhamos diálogos infindáveis por horas e horas. E a outra verdade é que eu nunca consegui entender quase nada daquele doce dialeto espanhol que ela ainda falava. Apesar disso, eram boas e prazerosas horas de papo. A gente conversava. Se compreendendo ou não. Em silêncio ou não. Só de estarmos ali. Eu a entendia. Do meu jeito, mas entendia. Ela era uma velhinha incrível e eu vou sentir saudades.

Com o passar dos anos desenvolvi a idéia de que quando a morte acontece na ordem natural ela é menos traumática. Nossos pais passam a velhice inteira dos nossos avós tentando nos preparar. “Vai se preparando, filha, ela já é bem velhinha”. Chega a ser engraçado, não fosse triste.. E alguém vive esperando o dia do outro morrer? Deveríamos, mas a verdade é que não. Só sei que quando se vão as avós ou os avôs eu só consigo pensar que eles não deveriam nunca ir embora.

Outro dia a avó de uma amiga se foi. Ela pediu para que eu escrevesse algo para ser dito na missa. Ao escrever foi como se eu tivesse sentindo e vivendo aquilo. E é triste. Mas suave. Acho que a diferença quando a morte acontece na tal ordem natural é esta. A ida, a despedida é mais suave.

Ontem mesmo, tive a notícia de que minha avózinha perdeu a visão de um olho. Ela já não anda bem, já não escuta muito, já luta com toda força contra a perda da lucidez. Ontem mesmo, a avó de um amigo foi pro CTI. Hoje, a notícia de que Dona Carmen se foi.

Não vou reclamar desta tal morte, nem dos sinais que ela manda. Apesar de ser cruel, ela é responsável por metade das coisas boas que existem em mim. Mas que sempre é triste, mesmo sendo suave, isso é.

Vai com Deus, Dona Carmen. Mais um anjinho no céu. Menos um na terra.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

meus gostos..

Gosto de quem se posiciona. De quem gosta de alguma coisa e não gosta de outras. Gosto de quem sabe o que quer, o que gosta, o que satisfaz. E também o que não quer, o que desmotiva, o que dá preguiça. Em cima do muro não dá. Sem intensidade e muitas paixões não tem graça. Não mesmo. Prefiro me entregar ao que sinto, ao que amo, quebrar a cara e o coração, mas oferecê-los ao meu mundo. Melhor do que ser mais ou menos. Sendo inteira e compartilhando meus gostos e des-gostos, eu sou melhor. Sigo, à flor da pele. Suave. Feliz. Serena. Emotiva. Ou como um furacão de sentimentos. Amando e não-amando. Gostando e não gostando. Me compartilhando. Gritando meus gostos.Aos poucos.



Gosto...................... de ser mulher de mil vontades.
Não gosto................de saudade.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Aniversário, êêê.



Tem quem não seja muito fã de aniversário.
Concordo que seja mais uma invenção-convenção-tradição... e destas eu não sou muito adepta. Mas também não as renego, nem as rejeito.

Por outro lado, euzinha, fã de fechar ciclos, contar datas, celebrar, comemorar, AMO aniversário. Esta semana foi minha vez e eu amei. Como sempre.
Acho que isso é bem coisa de ‘mulher de leão’, (não sei nem se acredito direito em signos), mas eu amo ter um dia só pra mim.

No meu dia ninguém pode implicar comigo, ninguém pode me contrariar, todo mundo me abraça, fala que eu estou linda e me deseja coisas boas. Além disso, é dia de receber ligações que em dias normais, provavelmente, eu não receberia.

Como a maioria já sabe, adoro presentes e surpresas e não tem dia melhor pra isso do que o dia do aniversário.

Este ano já passou. Agora, só no que vem. Pena que é só um diazinho por ano. Mas vale.

Sem falar que é tempo de manter, recuperar ou melhorar o equilíbrio e os pensamentos. Mas pra isso tem outro postzinho prontinho para ser publicado.
Parabéns pra mim, uhu!

sábado, 7 de agosto de 2010

Casa da Vó.

Tudo começou com uma reforma em casa. A ordem era fazer as malas, lacrar os armários e passar 10 dias sem pisar lá.

Primeiro pensei: Que que vai ser de mim por 10 dias longe do meu armário, das minhas coisas, dos meus cosméticos, do meu computador, livros, roupas?! Depois me ocorreu que eu tinha que resolver onde iria ficar.

Decidido, uns dias na casa da vó.

Bendita escolha.

Percebi que eu tinha que fazer este post, quando me deparei comigo, sem opção de escolha, atrasada pra ir trabalhar, assentada ao sol na varanda da casa, com minha vó enxugando meus cabelos com a toalha, porque: “secador faz mal pro cabelo, sua toalha não seca direito e senão você pode pegar um resfriado.” Demais pro meu coração de tão linda.

Casa de Vó é diferente.

Na casa da Vó, minha mãe não consegue brigar comigo, porque cada vez que ela tenta, minha vó intervém: “deixa a menina, Ana Maria”.

Na casa da Vó “os morangos são os maiores que eu já vi ”. Com certeza pelo tamanho são cheios de agrotóxicos, mas eu nunca vou deixá-la saber disso.

Na casa da Vó a gente come e não engorda. E ainda ‘faltou comer a banana pra melhorar as câimbras do pé, a laranja pra pele ficar boa e o queijo pros ossos ficarem fortes.’

Na casa da Vó, de manhãzinha, durante o banho, é possível ouví-la dizer com Bob – o cãozinho: “Tiú, tiú, quer tomar um pouco de sol?” E a pergunta é feita com a doçura de criança que espera resposta.

Na casa da Vó, no fundo do armário do banheiro tem um pedacinho de papel velho escrito: “ Chá de camomila, duas gemas, duas colheres de suco de limão. Bata tudo e passe no rosto pra deixar a pele bonita.”

Na casa da Vó, na sala de televisão tem um aparelho de ginástica, que ela comprou pra fazer as caminhadas que o médico mandou. E nunca usou, mas ‘tem que falar que usa, porque senão me xingam”.

No casa da Vó dentro do box do chuveiro tem sabonete phebo e shampoo sem sal, que só serve mesmo pra Vó, porque meu cabelo e minha pele não agradeceram.

Na casa da Vó têm tias, primos e primas todo dia. Pra brincar de salão e casinha e fazer reunião de família.

Na casa da Vó, quinta feira é dia de assistir o programa do Padre Fábio. E descobrir que o cara é culto, inteligente e espiritualizado. [desfazendo pré-conceitos]

Na casa de Vó tem relógio de pêndulo, daqueles que badalam de uma em uma hora, seja dia, tarde ou madrugada.

Na casa da Vó tem um murinho com pouco mais de 50 cm, que eu me lembro bem que na infância parecia o maior muro de todos.

Na casa da Vó tem a maior paz do mundo e o maior amor do mundo também. Acho que todo mundo devia ter o direito de morar uns dias na casa da vó.

É, no fundo queria reformar a casa mais vezes.

Sem falar que tiraram tudo. Desmontaram armário, cama, sofá e tudo mais. Depois volta tudo outra vez, de um jeito diferente. Energias renovadas, recolocadas, reformuladas. Nada melhor.

A propósito, minha mãe é igualzinha à minha vó. Sorte dos meus filhos. Sorte minha também.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Eu não sei tirar as pessoas da minha vida..



Eu não sei tirar as pessoas da minha vida, não mesmo. Nunca soube. E tenho pena de quem sabe.

Não importa a categoria. Amigas, amigos, namorados, colegas de trabalho, qualquer coisa.

É que eu não entendo esta história de ‘em um dia a gente é feliz, se diverte juntos, troca uns segredos, divide a mesa do bar, a conta e a intimidade’ e no outro... ‘no outro não..no outro aquela pessoa até então querida se torna um ‘ex’ qualquer coisa’.

De repente ‘fulano ERA meu amigo’, ‘eu ERA apaixonada por ciclano’ e ‘já FUI melhor amiga daquela outra’.

Socorro. Não sei dizer se é defeito ou qualidade. Sei dizer que o que eu puder fazer para manter as pessoas na minha vida eu faço.

Não sou nenhuma boba ambulante que faz questão de quem não faça questão de mim. Não é isso não.

Sou movida a calor, a amor, a carinho. Celebre por me ter na sua vida e eu celebrarei por te ter na minha. Outro dia disse isso a um amigo: Eu não preciso das pessoas e nem quero que elas precisem de mim. Eu preciso é de que elas me saibam aqui. De que quem eu gosto tenha a certeza de que SE precisar vai me achar.

Do meu jeito e é um jeito diferente de viver, eu vivo bem. Nunca precisei tanto das pessoas, mas nunca me virei tão bem sem elas. Mas eu gosto muito de todo mundo. Tenho orgulho de colecionar uma lista enorme de pessoas que eu gostaria que me soubessem aqui. Mesmo que elas não saibam, mesmo que elas não se importem, mesmo que seja algo só meu.

Graças a Deus existe a internet, sites de relacionamento, MSN, boteco, cinema, japonês, quinta-das-amigas, lanchinhos, almoços, eventos e aniversários suficientes para que eu possa manter as pessoas na minha vida.

E se não for assim eu não vivo. Eu faço mesmo questão de todo mundo, faço mesmo questão de quem eu gosto. Amo, amo saber que o outro sabe, sabe que eu estou aqui, sabe que é amor.

Eu amo, sim, demais as pessoas. (e isso até é assunto pra outro post). Mas isso não quer dizer (e não quer mesmo) que eu não dedique carinhos especiais a determinadas pessoas. E olha que a minha lista de ‘especiais’ é imensaaa.

Mas é assim que é.. Pra mim não há nada melhor na vida do que me dedicar às pessoas. Do que deixar o mundo saber o que sinto. Do que dar um grito, um sorriso, uma gargalhada quando meus olhos vêem alguém que eu preze. Eu invisto nas pessoas e realmente acredito que elas valham à pena.

Há pessoas que não. Há quem saiba tirar as pessoas de suas vidas, que deixam passar o outro. Uma pena. Mais pra elas que pra mim, mas ainda assim eu lamento. Lamento porque eu vivo desta energia e preciso dela. Lamento porque as minhas pessoas são meu vínculo, com o que já vivi, com meu presente e com o que ainda estar por vir.

Lamento porque sinto um aperto no peito cada vez que percebo que se foi alguém; que não sou mais de alguém ou que alguém não é mais meu. Que eu FUI e não SOU mais. Que o outro FOI e não É mais.

Mas é isso aí. Tirar os outros da minha vida é algo que eu ainda não aprendi a fazer e nem quero. Vou me virando, vou me ajeitando comigo mesma quando não tem jeito. Mesmo sem querer.

E sigo, amando amar. Amando abrir o sorriso, o olhar, a energia e um grito para aqueles que são, que estão.

Para aqueles que SÃO, me saibam aqui. Eu sou, eu estou, eu amo.

Amo daquele velho jeitinho. “Amo igual criança, amo com todas as letras. A-M-O e invento. Sem restrições. Sem medo. Sem frases cortadas. Sem censura. Sem pudor. Quer me entender? Não precisa. Quer me amar. Me dê um chocolate, um bilhete. Não importa. Eu gosto é de beijo, abraço e surpresa!”

Eu não sei tirar as pessoas da minha vida, não mesmo. Nunca soube. E tenho pena de quem sabe.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

..são idéias vãs..


Ontem de madrugada eu acordei de repente. Não foi à toa, meu filhote está doentinho. Passou mal a noite toda. Mas o que importa é que eu estava no meio do meu descanso de toda noite e acordei.

Perdi o sono. Olhei o baby ali deitadinho. A sombra das minhas coisas espalhadas pelo quarto. Peguei o celular, olhei o relógio. 2:32 horas da madrugada.

Adivinha no que deu? Plin. Mil pensamentos, cabeça funcionando à mil. Ali no meio da madrugada.

Normalmente eu tenho medo. Do escuro, do silêncio, dos pensamentos que se escondem ali por trás. Mas sabe? Ontem não. Ontem eu quis levantar, tomar banho, arrumar meu armário, trocar de roupa, ir trabalhar, ligar pras pessoas. Quis dar um grito e aproveitar aquilo ali.

Olhei ao meu redor e pensei. Porque não agora? Porque não agora que o trânsito vai estar bom, não vai ter fila no restaurante, no banco, na loja. Não vai ter perigo de eu ser atropelada, como eu “quase sou” todo dia. Não vou ter que esperar pra ser atendida. Nem pra chegar minha vez. Não vou ter que me apertar no elevador. Vou ser só eu, feliz da vida por aí.

Pensei mais um pouco e achei que a chance de eu perder o emprego e os amigos se passasse a viver de madrugada era grande. Concluí que era só mais uma maluquice da minha cabeça.

Ainda assim, fiquei ali, curtindo minhas idéias por mais uns dois minutos. E tinha um clima bom no ar. Fiquei olhando a claridade do poste que entra todos os dias pela janela do meu quarto. Conferi se o Thor estava bem. Pensamento passeou por aí. Virei pro lado e dormi.


“..Foram meras palavras sem sentido e palavras sem sentido são idéias vãs..”

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Aonde você quer suas marcas de expressão?


Dia desses estava eu tentando resolver pelo telefone uma questão junto a um órgão público. Aguardava ali, ao telefone, uma resposta da quarta atendente para a qual haviam direcionado minha ligação. Vi no reflexo do porta-treco da minha mesa do escritório minha testa franzidinha, minha marca de expressão forte, marcada.

Parei. Respirei. Relaxei.

Pensei: Poxa! Para que tanta tensão e tantos maus tratos com a minha marquinha de expressão?

Passei a reparar que as pessoas andam assim. Testa franzida, olhar carregado.

Adianta?

Adiantou eu gastar minha marquinha com aquele telefonema? Foi mais eficaz? Se o relatório não ficou pronto; Se o chefe está de mau humor; Se o carinha não ligou no dia seguinte; Se você se irritou; Se o dinheiro para pagar a dívida acabou; Se você está atrasado; Se o sinal fechou; Se o trânsito está ruim; Se o homem da sua vida te abandonou.

Franzir a testa não vai resolver nenhum desses problemas, eu garanto. Mas vai te criar uns outros. Vai te fazer parecer uns anos mais velho do que é. Vai te tornar uma imagem menos agradável para quem te vê. Vai levar com você uma energia que não faz bem.
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Mas existe uma outra marquinha de expressão, que esta sim, eu quero pra mim. A marquinha da bochecha, a do sorriso. Esta eu quero. Queira também. Gaste, esprema, aperte, marque. Marque seu rosto com a leveza que só um sorriso trás para uma pessoa.

Torne sua imagem agradável, pareça mais jovem, encha o ambiente que você está com sorrisos.

Às vezes, confesso que me sinto até meio boba. Mas adoro. Rio de tudo. Sorrio de tudo. Gargalho de tudo. Até do que não tem graça. Porque nada é melhor. Nada cura os efeitos de uma marquinha de expressão na testa, como uma linda marquinha de expressão do sorriso.

Sorria. Ria. De você, do outro, de tudo, de qualquer coisa. Entenda que preocupação é ineficaz na solução dos problemas. E em excesso envelhece. Seja responsável, mas permita a criança feliz que existe em cada um continuar viva (ainda falo dela em outro post).

Eu sigo sorrindo. Entre uns descontroles e outros, entre umas franzidinhas de testa e outra. Apenas suficiente para me lembrar que eu prefiro o sorriso. E prefiro mesmo.

Ouça o poeta e sorria, simples assim!


“Don't worry, be happy
In every life we have some trouble,
When you worry you make it double
Look at me im happy.

Cause when you worry, your face will frown,
And that will bring everybody down.
Don't worry, don't do it,
Be happy,put a smile on your face,
Don't bring everybody down like this
Don't worry, it will soon pass whatever it is,
I'm not worried.


Like good little children,
Don't worry, be happy!!!!!!!!”

segunda-feira, 24 de maio de 2010

..tirar a bússola do armário..



Não tenho conseguindo escrever nos últimos tempos. Minha cabeça tem funcionando de um jeito estranho. Mas mal. Tenho andado inquieta. Quieta. Na pasta do blog mil posts inacabados. Idéias incompletas. Pensamentos interrompidos. Tenho andado assim. Encerrando certas coisas pelo meio. Alguns livros. Alguns projetos. Alguns emails. Alguns pensamentos.

Eu tenho um mundo só meu. Nele parece ter tudo que eu preciso. Bem da verdade eu não preciso de muitas coisas. Por vezes me basta saber tudo ali. Daí quando me sinto incompleta me perco.

Ando assim.

Podem ser coisas da minha cabeça. Pode ser a tpm de dois meses sem o ‘Pré’ virar ‘Durante’. Pode ser qualquer coisa. Ou alguma outra coisa. Pode ser meu jeito de me encontrar. E por vezes eu faço isso. Mudo o caminho, desvio a rota. Só para me achar em mim outra vez.

Necessário. Mas inquietante. Sei que a bússola está esquecida no armário. Aquela bússola do post antigo. Está no armário. O armário que eu estou indo lá arrumar agora. Mandar embora umas coisas velhas. Tirar de mim o que não me pertence. Recolocar a bússola no bolso.

Vontade de mudar a cor do cabelo. Mas não sou afeta às mudanças.
Vontade de mudar o layout do blog. Mas não sei fazer isso.
Vontade de rever algum velho amigo. Não sei por onde andam.

Vou lá. Assentar no chão do quarto. Jogar as roupas no chão. Achar dinheiro nos bolsos. Ler bilhetes de amor.

Amanhã provavelmente vou ao shopping. Não comprar. Andar. E sozinha. Almoçar sozinha. Salão sozinha. Provavelmente vou cortar o cabelo. Provavelmente vou mudar o layout do blog. Esta semana provavelmente vou rever alguma amiga de outro tempo. Provavelmente vou tomar vinho com a mamãe e o papai na quarta.

E depois de tudo...nada vai ter mudado. E eu vou voltar pro lugar onde eu amo ficar. E é exatamente onde estou. No mundo que é só meu.

É, post com cara da terapia (aqueeela que eu sei que devia fazer, mas não faço)... rsrs e acho que nem nunca vou!

terça-feira, 11 de maio de 2010

e, SIM, eu acho que é bem parecido com a vida real..


Mexendo nas minhas coisas achei este post escrito e não publicado... é antigo, mas ainda vale ;)

Sempre tive vontade de escrever sobre minha paixão por realities shows. Pra começar, começo pela opinião do meu pai, normalmente, fazendo referência ao Big Brother Brasil: “Filha, pelo amor de deus, se você gosta de ver esta coisa horrorosa não conta pra ninguém não, que é uma vergonha.” rsrs.

Na verdadeee mesmo, eu não sinto vergonha nenhuma e acho mesmo que eu não devia sentir. Pra mim realities shows são a própria terapia (aqueeeela que eu já assumi que devia fazer, mas não faço).

Então pra começar a falar de reality show eu vou dar o conceito da nossa conceituadíssima Wikipédia:

“Reality show é um tipo de programa televisivo baseado na vida real. Podemos então falar de reality show sempre que os acontecimentos nele retratados sejam fruto da realidade e os visados da história sejam pessoas reais e não personagens de um enredo ficcional.”

Então okey. Eu adoro reality show. Eu gosto de “O Aprendiz” “A Fazenda” “Super Chef” “Top Chef” “American’s Next Top Model, Brazil’s Next Top Model, Mexico’s Next Top Model”, “Ídolos”, “American Idols” “Ilha da Tentação”, “SuperNanny” “Top Design” “Top Stylist”, “Troca de Família”, “Esquadrão da Moda” e, claro, o incomparável Big Brother Brasil, além de outros tantooos.

Aí, é isso... Sem ver, sem entender, sem participar, de cara tem uma centena de pessoas para criticar, para falar que não é legal, que é inútil, que é coisa de gente à toa... sempre vai ter.

Eu, por outro lado, sempre vou gostar. Ache legal quem achar, ache idiota quem achar também. E não sou menos inteligente ou interessante por isso.

Pra começar, apresento. - para quem não conhece -, a minha vontade/certeza de um dia na vida fazer psicologia. É assunto pra um outro post e não, eu não quero ser psicóloga, eu só preciso entender melhor a mente e o comportamento humano.

Mas então tá. O reality show me põe de frente de um bando de gente, com objetivos diferentes, em situações parecidas, com um potinho de dinheiro ou fama no fim do arco-íris, se expondo para quem quiser ver, para quem quiser assistir, nos seus mais íntimos, obscuros e humanos detalhes.

Então tá de novo. Poxa, meu sonho nestas horas é ser psicóloga. Mas como eu não sou, eu me pego, diante dos realities shows, fazendo aquilo que eu mais gosto na vida: analisando o ser humano, em busca de entender o que está por trás destes seres estranhos.

Pra mim a excitação começa aí. Prefiro do que novela. Gosto porque é vida real, pq é comportamento humano, pq é análise do próximo.


Mas fala, fala que não seria excitante se a vida real também fosse assim, se a gente pudesse assistir tudo depois? Assistir tudo que todo mundo diz, faz, fala... Com direito a um contexto, resumo, edição, música de fundo!!!!! Com direito a eliminar quem te incomoda? Com direito a ser, você próprio eliminado quando está errado?

Mas no reality show, aí começa a tortura. Você começa assistindo aquilo ali, no fim de noite, só pra esperar o sono chegar. Acaba apaixonado por uma causa parecida com a que você defende. Acaba acreditando que alguém ali quer mais que dinheiro, fama, ou quinze minutos dela.

Há uns dias atrás, lá estava eu, vestida de amarelo (porque descobri não ter uma roupa dourada) reunida com umas amigas pra assistir a final do BBB 10. Normalmente, as finais já são um dia especial pra mim, esta era em dobro.

Normalmente eu já tenho meu preferido. Aquele que eu escolho como o melhor ser humano, que do meu ponto de vista, justamente, ganharia o programa.

E a gente acaba descobrindo umas coisas legais. Ano passado foi o tal Max. Aquele de sobrenome Equilíbrio. Maximize - Minimize. Quer ideologia melhor? (ainda crio um post especial pra isso) “Se está demais, diminua. Se está de menos, aumente. E acredite!” Como não torcer pra alguém assim? Me lembro de estar ao telefone com meu namorado naquela final...e frenética. Gritando “Acreditaaaaaaaa”. Porque não há nada melhor na vida do que acreditar. É acreditar, com o coração.

Este ano, foi com aquela coisinha Dourada. Poxa, e que loucura na minha vida. Atrapalhou o sono, o trabalho, a concentração. Me deu uma desEquilibrada. Provocou uma torcida, uma agonia, um desespero que eu nunca tive com nada. Me fez ligar mil vezes pra Ceci, mil vezes pro meu amor naquelas terças-feiras de eliminação. Me fez votar até a vista cansar. Me fez levantar da cama a meia noite por várias vezes pra ver o andamento das enquetes, os comentários na internet, nas comunidades, nos fóruns. (haahhahah ai ai, mto divertido)

Ontem, (já faz uns dias) eu estava lá, gritando, abraçando a Ceci, ligando pro tuco, pra dizer que “é campeão.” É meio esquisito, mas eu realmente torci de coração praquele cara ali que eu nem conheço, mas que eu tive certeza, de coração, que merecia. Haja coração disparado, haja vontade de ver o Doures feliz..rsrsrs

Sobre o exemplo que eu acho que ele dá, sobre as impressões que eu tenho especificamente dele, sobre a torcida frenética que eu fiz pro cara, e pra defesa no orkut, no twitter, nos fóruns, isso aí, nem vou comentar.

Mas o fato é que, SIM, eu adoro realities shows. E, SIM, eu acho que é bem parecido com a vida real. E lá, eu leio as pessoas como eu faço diariamente. E vejo as pessoas surtando como vejo diariamente. Eu amo as pessoas sem motivo como eu amo diariamente.

Depois da última final, eu me prometi que não veria o próximo BBB. Já voltei atrás...que venha o BBB11.

Dourado Campeão! ADORO!
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