segunda-feira, 24 de dezembro de 2012
Desculpas antes que o ano vire.
quarta-feira, 24 de outubro de 2012
"De maior".
Aí eu contei para ela que a foto era no casamento de um grande amigo, que eu havia me maquiado, arrumado meus cabelos e por isso estava bonita. E ela disse que às vezes a mãe dela se maquiava e também ficava bonita. E a conversa foi por ai. Passou rápido no meu pensamento uma puta vergonha de lembrar quanto eu tinha gasto naquela maquiagem e naquele cabelo e um segundo atrás tinha me negado a comprar um adesivo de um real. Só sei que com meus anjinhos na Força do Bem eu aprendi o poder do toque, do olhar, do abraço. Só que eu não podia abraçar aquela criança ali na minha frente. Seja porque talvez ela não estivesse pronta para isso, seja porque isso pudesse representar uma certa loucura da minha parte. Aí eu fiz o que eu pude, me aproximei dela até nossos braços e pernas estarem encostados e deixei ela pegar meu celular “segurando sozinha”, como ela quis, correndo um risco enorme de perdê-lo, mas sabendo no fundo que não ia.
Não deu tempo de dar tchau, de mandar beijo, de perguntar seu nome, nem desejar boa tarde ou boa sorte. Só deu tempo de ver aqueles olhinhos de jabuticaba me olhando lá de fora. Na minha cabeça uma frase que minha mãe disse um ou dois dias atrás, sobre como seria bom se todo mundo fosse criança para sempre. Bom sim, mas bom demais para ser verdade.
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
Do que aprendi com eles.
terça-feira, 4 de setembro de 2012
Só mais uma de amor II.
terça-feira, 21 de agosto de 2012
No lugar mais alto do pódio.
segunda-feira, 30 de julho de 2012
Carta para ele.
terça-feira, 12 de junho de 2012
Aos pés e corações des-aquecidos.
quinta-feira, 3 de maio de 2012
Brisa leve, bomba atômica.
segunda-feira, 9 de abril de 2012
Não é de graça.
Tem um preço. Custa caro. Mas eu escolhi pagar. Estou falando de viver. De viver com graça. É que viver sem graça não tem, definitivamente, graça nenhuma.
Aí eu escolhi. Escolhi passar pela vida assim. E assim quer dizer sorrindo. Quer dizer amando. Quer dizer me doando inteira a cada uma das minhas relações. Quer dizer fazendo a coreografia errada sem me importar com os outros. Quer dizer fazendo careta. Sendo criança. Escondendo atrás da porta do banheiro para dar susto no amigo e assustando a pessoa errada. Quer dizer ajoelhando no chão de rir de mim mesma. Quer dizer não correndo da chuva e me molhando inteira. Ou correndo da chuva e me esborrachando no chão. Ou rolando barranco abaixo e rasgando meia calça e joelhos na primeira hora da festa. Quer dizer não me importando, não me incomodando com o que os outros vão pensar. E quer dizer sempre querendo ser a última a ir embora, mesmo se aparentemente a festa já acabou. Entende que nunca acaba? Sempre dá tempo de dançar a última música. De dar o primeiro beijo ou o último. Não é? É. Não tem hora, nem lugar de ser feliz. Quer me ganhar? Me trata com carinho e me faz dar umas risadas fáceis e bobas e leves. Pronto. Ganhou. Me tem, pode levar, inteira. Gosto das pessoas por gostar, antes mesmo delas me darem nenhum motivo para isso. Coleciono melhores amigos que fiz em um segundo. Encostada em balcões de festas esperando para ser atendida ou na porta do banheiro aguardando alguma amiga. Ou brincando de avião ou de pega-pega com a afilhada no shopping. Ou na fila do cinema. Adoro loucos, estranhos e desequilibrados.
Falo sozinha, falo com estranhos. Sorrio para quem não conheço. Taxistas têm por hábito consertar meus dias. Velhinhos também. Tenho vontade de abraçar as pessoas de repente. Falo alto, rio alto. Meu chefe me manda SMS da sala dele enquanto estou ao telefone me pedindo para falar baixo. Faço voz de criança. Invento música. E faço danças estranhas que aprendi com meu irmão. Dou vacilos e erro. E erro feio. Me despedaço. Me esborracho. Levo foras, pés na bunda. Sou dispensada. Já achei que ia morrer de amor. Mas no final sempre estou rindo. Me refaço. Sempre sou a que ri no final. Ri muito. Porque sei que quem perde não sou eu. Quem perde não sou eu nunca, aliás. E quer saber? Adoro. Me adoro. Me amo assim. Meio louca, já que santa eu não sou e nem quero que ninguém pense algo tão indecoroso a meu respeito. Tenho um currículo razoável quando o assunto é viver com força.
Vivi. E ainda não cansei. Tenho energia para mais milhares e milhares de tombos, danças estranhas, risadas e histórias para contar. E tenho o sorriso que aprendi lá em casa, com os loucos (graças a Deus) dos meus pais. Ao falar comigo, ao tratar comigo, ao amar comigo, lembra que sou a bonequinha do papai. E se eu não gostar do que ouvir eu “conto tudo para minha mãe”. Minha vida é assim. E foi uma escolha. Uma escolha consciente, mas inconseqüente. Consciente porque eu optei. Inconseqüente porque não enxerga e nem quer enxergar o amanhã, o depois, a outra hora. Aprendi a viver uma felicidade simples. Que tem morada fácil em uma vida louca. Que não se importa se vão me achar idiota, infantil ou meio maluquinha. Porque no fundo se sou mesmo um pouco isso tenho minhas contrapartidas, minhas contradições, as outras de mim. Sou muitas, tão diferentes. Sou inteira. Sou uma dezena de defeitos e efeitos, que eu não tenho tempo para perder tentando mudar. A vida é agora. Minha vida é agora e simplesmente porque eu escolhi. Tem um preço. O preço é ser um pouco idiota. E por isso custa caro. Mas eu escolhi pagar se é o que se paga para por ser um pouco feliz. Não é de graça, mas vale.
quinta-feira, 8 de março de 2012
Sutiãs de renda.
Porque ainda quero que abram a porta do carro para mim, que me mandem flores, que me beijem no olho. Ainda quero que me façam surpresas, que me chamem de linda, que me deem atenção. Quero que eles troquem pneus, lâmpadas e matem baratas. Quero que puxem a cadeira para que me assente, arrumem minha franja, me achem linda quando eu falo sem parar. Quero que me olhem nos olhos. Quero que percam o ar quando eu sou naturalmente sensual e não se agüentem perto de mim quando sou forçosamente sexy. Quero poder usar minha TPM como desculpa para minhas alterações de humor e para fugir da dieta. Quero manter meu direito de nunca ter seus tons de voz aumentados para mim. Quero poder chorar quando aquela calça não me serve mais. Quero poder acreditar nas besteiras que eles nos dizem quando querem nos conquistar sem me achar uma verdadeira idiota. E isso inclui as adoráveis desculpas esfarrapadas. Quero poder agir como adolescente e depois ser chamada só de meio maluquinha ou autêntica. Quero que vagabunda, piranha e safada sejam abolidas de seus vocabulários ao se referir pejorativamente às nossas companheiras de gênero. Quero o direito de fazer uma lista de todos os caras que eu já fiquei e quero o direito de dizer que não sei este número ao certo quando eles nos perguntarem. Quero liberdade sexual. Quero poder falar de sexo sem ser vulgar e de amor sem ser careta. Quero poder ver Playboy só para procurar alguma celulite que o editor distraído tenha esquecido de tirar. Quero ser mais que peitos e bundas e às vezes quero ser só isso. Quero ter o direito de tratá-los assim também. Quero ser aquela grande mulher que está sempre por trás de um grande homem (ou na frente ou ao lado).
A verdade é que eu não quero ser igual a eles. Quero só poder ser como eu quiser. E, evidentemente, não, eu não quero que me cumprimentem com um tapa nos ombros, nem me chamem de “vei”, nem digam “vá se foder”. E não quero usar gravatas, cuecas e tênis. Não quero entender as regras de futebol, do MMA ou de rugby. E também não quero utilizar o verbo comer para me referir a nada que não se refira de fato a refeições. Não quero aprender a distinguir o barulho do motor de um Fiat 147 e de um Jaguar, sabe-se lá que barulho ou carro sejam estes. Não quero separar tão bem amor de desejo. Não mesmo. Não quero ser como eles são.
Por fim, também quero que possa ser tudo ao contrário. E que enquanto mulher também tenha o direito de detestar discutir relação, de sair sozinha, de descer do salto, de não ter o sonho de casar de branco. O direito de falar alto, ser vista desarrumada, soltar uma palavrão sem querer. O direito de ter amigos homens, dançar até o chão e levar um tombo em uma festa qualquer.
É simples. Eu quero somente ser o que eu quiser e quero que todas as mulheres possam fazer isso também. E quero inverter tudo de lugar se for minha vontade. O que eu quero tanto, aquilo pelo que luto tanto é pelo respeito. Pelo direito de ter alguns direitos iguais, mas de ver preservada a diferença. Pelo direito de ter direitos diferentes. Quero o direito de ser respeitada não por agir como as outras pessoas acham que eu deveria, mas sim agindo da maneira como eu quiser e bem entender.
Nós fomos às praças e queimamos os sutiãs. Eles eram cor da pele. Hoje isso não aconteceria. Eles são de renda, custam caro e foram pagos com nosso próprio dinheiro.
E só para não deixar dúvidas, é claro que no fim das contas, eu quero também ter meu espaço no mercado profissional, quero pagar minhas próprias contas, quero ser ouvida com atenção de quem sabe do que fala. Ser diferente não é tão ruim assim, eu diria até que é essencial. Somos contra a opressão, somos contra violência, somos contra submissão. Mas suplico, meninos (e meninas), em nome do tipo de igualdade que pretendemos, não retirem de nós o direito de ser diferentes. Especialmente diferentes. Nós agradecemos e, acreditem, vocês também.
E lembrem-se. Nossos sutiãs agora são de renda.
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
Sapatos apertados.
Todo mundo tem um par de sapatos apertados. Cada um sabe bem onde aperta o seu. Com a vida também é assim. Eu costumo saber bem onde me aperta, onde mora o que incomoda, atrapalha a caminhar adiante, o que impede de seguir em frente.
Para mim aperta não conseguir entrar na vida de algumas pessoas e aperta que outras saiam da minha. Aperta que tomem conclusões precipitadas a meu respeito. Aperta preconceito, sexismo. Aperta que as pessoas busquem maneiras iguais de tentar ser feliz. Aperta mentira. Aperta descaso. Aperta assistir ir embora pessoas que eu gostaria que sempre fossem minhas. Aperta quando um bom e antigo amor se casa. Aperta quando alguém não consegue me entender do meu jeito; aperta mais ainda quando este alguém sou eu mesma.
Aperta quem não respeita. Aperta fofoca. Aperta quem julga os outros. Aperta quando faço coisas sob as quais deveria ter arrependimentos, mas me nego a me arrepender de viver. A culpa também me aperta. Me aperta não receber o mesmo que dou em troca. Aperta a intolerância; a minha e a dos outros. Aperta o segredo mal guardado. Aperta não dar todo amor do mundo a quem merece. Aperta o mau humor. Aperta a mudança, a perda, o não ter. Aperta. Aperta o fato de algumas pessoas simplesmente não se importarem. Aperta. Aperta o fim da história, o fim do livro, o fim de um percurso.
Aperta haver quem não está mais presente, quem não participa mais da minha vida. Aperta saudades. Aperta quem me constrange, quem não me olha nos olhos, quem me trata como desimportante. Aperta falta de educação, falta de gentileza. Me aperta roupa apertada, me aperta quilos a mais na balança. Aperta não saber me despedir, não saber como dizer adeus. Aperta insônia. Aperta ter só uma vida. Aperta aquilo que não posso mudar. Aperta o que escapa do meu controle.
Também aperta o dedo mindinho. E aperta, aperta muito, o carnaval ser uma época de mais lembranças tristes do que felizes, aperta hoje fazer seis anos que meu anjo da guarda tem nome. É isso, o que mais aperta para mim é isso.
Desamarrar os sapatos liberta. Tirar os sapatos liberta. Andar descalça liberta. Me desamarro, me descalço, ponho os pés no chão. Me liberto, mais do que me aperto, mas o que liberta vai ficar para outra hora. Por hora fico aqui, eu e meus sapatos apertados.
quarta-feira, 18 de janeiro de 2012
O que fica.
Nas vésperas da minha última viagem em meio a correria típica de vésperas de viagem duas perguntas se repetiram um milhão de vezes na minha cabeça: O que eu gostaria de deixar por aqui quando não estou? E o que na verdade fica? Viajar, sair do meu lugar me põe sempre este tipo de ideias no pensamento. É que eu não tenho mesmo o hábito de deixar meu lugar seguro por tantos dias. Nem sei se posso chamar minha vida assim: lugar seguro. Talvez melhor seja dizer que é o meu lugar. E ponto. Inseguro, que seja. Mas de qualquer forma é meu e não costumo deixar minhas coisas por aí.
Mas o que eu gostaria de deixar quando me vou? Ah, gostaria que ficasse o eco da risada fácil que sou capaz de sorrir. E a evidente e descontrolada capacidade de amar que eu aprendi. Gostaria que ficasse sempre o gosto da saudade que sinto do que não pude viver. E o cheiro da liberdade que mora dentro de mim. De que nunca vou abrir mão e que compõe metade do meu sorriso, do meu amor e da minha necessidade de um viver real, intenso e louco. Eu gostaria de deixar minhas verdades: inconstantes. Minhas contradições. Meus ideais. Gostaria de deixar algo capaz de fazer sorrir quem por um segundo se lembrasse de mim. Algo do tamanho que fosse, que fizesse um sorriso no canto da boca ou uma gargalhada do tamanho do mundo. Algo que fizesse as pessoas pensarem: era mesmo uma linda; ou uma louca. E era leve. Gostaria de deixar a paz que existe em um lugar imaginário que inventei para fugir quando vejo, ouço ou vivo o que não quero. Gostaria sim de deixar algo capaz de dizer que vivi exatamente como escolhi e lamentei por cada um que não foi capaz de entender isso.
Isto aí eu gostaria que ficasse. Mas se eu vou o que fica de verdade mesmo? Ah, fica a bagunça do meu quarto. Minhas roupas que eu adoro. Ficam meus livros. Minha maquiagem. Vidros e vidros de perfume que gosto tanto que mal uso. Meu par de sapatos preferidos que só usei duas vezes para não estragar. (Quem vai querer arrumar minha bagunça, ler meus livros e passear com meus sapatos?) Quando eu me vou também ficam meus milhares de arquivos de computador. Minhas petições não acabadas. Minhas dezenas de planilhas incompletas. Minhas outras dezenas de posts não terminados cheios de idéias loucas. Minhas fotos do mural. (Quem vai terminar meu trabalho? Quem vai lançar todos meus dados nas minhas planilhas? Quem vai finalizar meus posts se as idéias loucas são só minhas? Quem vai tirar as fotos do meu quadro?) Quando eu me vou ficam páginas cheias de rascunhos e um milhão de listas espalhadas por bolsas, guardanapos, gavetas, arquivos e emails. (Quem vai querer cumprir todas as tarefas das minhas listas?) O que mais fica quando não estou? O que minha ausência é capaz de causar? E porque isso me importa? Eu sei que deixo isso tudo aí.
Mas...e o que mais? Fica algo do que eu gostaria de deixar? Eu não sei; mas quer saber? Fica ao menos a tentativa de sempre ser aquilo que eu planejei ser. Do jeitinho que foi dito lá em cima. E mais. Fica um caminho sem direções. De quem vive querendo só acertar, mas faz isso sem medo algum errar. E errando, não se importa com o que vão pensar. E entende, que cada erro vai nos conduzir a um lugar. Um lugar qualquer. Onde no fundo todo mundo quer estar. E que errado e certo são só questão de opinião. E fica a tentativa de entender o sentido de tudo, com a certeza de que bom mesmo é viver como se sentido não houvesse. E fica a certeza de que não existem coincidências e acasos e que cada pessoa escolhida para cruzar meu destino foi escolhida por uma razão. E fica a busca que pensar assim gerou em mim. Uma busca contínua para que cada um que passe por aqui entenda que nada foi em vão. E fica o que eu repeti mil vezes e virou verdade: não há jeito certo de fazer ou viver. Tudo é uma questão de escolhas e não é necessário ter pressa alguma para fazê-las. E fica mais. Fica o pedido de que na minha falta nunca me limitem, nunca me definam, nunca me restrinjam a menos do que eu fui capaz de ser.
O que eu gostaria de deixar por aqui quando não estou? E o que na verdade fica? E quando você não está? Já fez planos para sua ausência? Já pensou no que acontece na sua vida quando você não está nela? Pensando tanto no que eu gostaria de deixar quando eu não estiver, concluí. O que importa e vai importar no fim das contas é o que você faz quando está. O que fica é o que você é, o que faz enquanto é presença. O que você faz enquanto é feliz, enquanto existe, enquanto vive. Seja, exista, viva. Do seu jeito, com intensidade, como se você não fosse estar aqui amanhã.
É o que fica.