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É só um apertinho.


Não gosto de sentir o peito apertado, sem saber porque. Não é aperto de tristeza, que eu desconheço isso. Sou feliz, quase idiota. É um aperto de não saber mesmo. De alguma falta, algo que saiu diferente do que deveria, algum mistério, alguma coisa que não pôde ser. Ou aperto de fim de tarde, de fim de expediente, de fim de ano. Ou aperto de não está cabendo, não serviu, ficou pequeno. Preciso de cumprir meus roteiros, não sei sair dos planos. É que sou muita entrega. Muita entrega pra 53 quilos. Precisaria de menos. Menos entrega, birra, manha. Ou mais. Mais quilos, tamanho ou idade. Sou criança, lembra? Menina, pequena, faço bico, manha, fecho a cara se não gostei. Não sei ouvir não. Não aceito sentir que estou sendo contrariada, que alguma vontade ou desejo meu possam ser negados. Eu sou estranha. Mas me sinto idiotamente feliz e completa quando enxergo que me conheço tanto e me aceito assim. Esquisita, mas inteira. Real. Transparente. Porque, há muito já perdi meus medos de mostrar o que sou e o que penso. E tento viver sem planejar. E se a proposta não parece boa, você não precisa aceitar. Porque também não aceito certas moedas. Em dias destes gosto de me cuidar, e, então é que me gosto mais. É que gosto de quem cuida de mim, mesmo quando este alguém sou eu mesma. Lá vou eu, atrás de uns colos bons.

Comentários

  1. Todo mundo as vezes precisa de um colo

    nem que seja o proprio

    http://www.delitosperdidos.blogspot.com/

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  2. Lindas palavras. Muitas vezes é preferível se proporcionar algo especial a oferecer o mínimo a alguém que acha que nada é suficiente.

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  3. Olá,
    nem sei como cheguei aqui.Mas aposto que serei visita constante (provavelmente silenciosa).No momento só consigo escutar essa música maravilhosa que toca (quem é?)e olhar para a minha própria janela - essa feita de ferro mesmo, a real.Normalmente consigo ver o céu maravilhoso de Brasília. Hoje está chovendo...Deve ser culpa da música.
    Até, Andrea
    (andreaterra2007@ig.com.br)

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