segunda-feira, 9 de abril de 2012

Não é de graça.


Tem um preço. Custa caro. Mas eu escolhi pagar. Estou falando de viver. De viver com graça. É que viver sem graça não tem, definitivamente, graça nenhuma.

Aí eu escolhi. Escolhi passar pela vida assim. E assim quer dizer sorrindo. Quer dizer amando. Quer dizer me doando inteira a cada uma das minhas relações. Quer dizer fazendo a coreografia errada sem me importar com os outros. Quer dizer fazendo careta. Sendo criança. Escondendo atrás da porta do banheiro para dar susto no amigo e assustando a pessoa errada. Quer dizer ajoelhando no chão de rir de mim mesma. Quer dizer não correndo da chuva e me molhando inteira. Ou correndo da chuva e me esborrachando no chão. Ou rolando barranco abaixo e rasgando meia calça e joelhos na primeira hora da festa. Quer dizer não me importando, não me incomodando com o que os outros vão pensar. E quer dizer sempre querendo ser a última a ir embora, mesmo se aparentemente a festa já acabou. Entende que nunca acaba? Sempre dá tempo de dançar a última música. De dar o primeiro beijo ou o último. Não é? É. Não tem hora, nem lugar de ser feliz. Quer me ganhar? Me trata com carinho e me faz dar umas risadas fáceis e bobas e leves. Pronto. Ganhou. Me tem, pode levar, inteira. Gosto das pessoas por gostar, antes mesmo delas me darem nenhum motivo para isso. Coleciono melhores amigos que fiz em um segundo. Encostada em balcões de festas esperando para ser atendida ou na porta do banheiro aguardando alguma amiga. Ou brincando de avião ou de pega-pega com a afilhada no shopping. Ou na fila do cinema. Adoro loucos, estranhos e desequilibrados.

Falo sozinha, falo com estranhos. Sorrio para quem não conheço. Taxistas têm por hábito consertar meus dias. Velhinhos também. Tenho vontade de abraçar as pessoas de repente. Falo alto, rio alto. Meu chefe me manda SMS da sala dele enquanto estou ao telefone me pedindo para falar baixo. Faço voz de criança. Invento música. E faço danças estranhas que aprendi com meu irmão. Dou vacilos e erro. E erro feio. Me despedaço. Me esborracho. Levo foras, pés na bunda. Sou dispensada. Já achei que ia morrer de amor. Mas no final sempre estou rindo. Me refaço. Sempre sou a que ri no final. Ri muito. Porque sei que quem perde não sou eu. Quem perde não sou eu nunca, aliás. E quer saber? Adoro. Me adoro. Me amo assim. Meio louca, já que santa eu não sou e nem quero que ninguém pense algo tão indecoroso a meu respeito. Tenho um currículo razoável quando o assunto é viver com força.

Vivi. E ainda não cansei. Tenho energia para mais milhares e milhares de tombos, danças estranhas, risadas e histórias para contar. E tenho o sorriso que aprendi lá em casa, com os loucos (graças a Deus) dos meus pais. Ao falar comigo, ao tratar comigo, ao amar comigo, lembra que sou a bonequinha do papai. E se eu não gostar do que ouvir eu “conto tudo para minha mãe”. Minha vida é assim. E foi uma escolha. Uma escolha consciente, mas inconseqüente. Consciente porque eu optei. Inconseqüente porque não enxerga e nem quer enxergar o amanhã, o depois, a outra hora. Aprendi a viver uma felicidade simples. Que tem morada fácil em uma vida louca. Que não se importa se vão me achar idiota, infantil ou meio maluquinha. Porque no fundo se sou mesmo um pouco isso tenho minhas contrapartidas, minhas contradições, as outras de mim. Sou muitas, tão diferentes. Sou inteira. Sou uma dezena de defeitos e efeitos, que eu não tenho tempo para perder tentando mudar. A vida é agora. Minha vida é agora e simplesmente porque eu escolhi. Tem um preço. O preço é ser um pouco idiota. E por isso custa caro. Mas eu escolhi pagar se é o que se paga para por ser um pouco feliz. Não é de graça, mas vale.
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