segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Vi, vivi ou inventei!

Eu nunca expliquei de onde surgiu o nome do blog. Acho até que deveria ter sido a primeira coisa a ser feita quando ele nasceu. Ou nem devia explicar e deixar cada um entender ao seu modo, fazer sua interpretação. Mas vou dizer.

Eu estava lendo Martha em um dia qualquer. E quem me conhece sabe da minha adoração por esta mulher. Não sou de muitos ídolos, mas ela é, definitivamente, uma das minhas. Diz tudo que eu quero dizer, pensa tudo que eu penso, escreve tudo que eu quero escrever. Às vezes sinto aflição, porque gostaria de ter, eu, dito antes.

Tem um texto dela, chamado A Janela dos Outros, em que ela fala sobre como o ser humano tende a só querer ver o que mostra sua própria janela, como se a visão ou opinião do outro não tivesse mesmo muita importância.

Em um momento da crônica, perto do final, ela diz “A sabedoria recomenda que falemos menos, que batamos menos o martelo e que sejamos menos enfáticos”. Conheço poucas pessoas que falem tanto e batam tanto o martelo como eu. Minha melhor amiga sempre diz que eu sou enfática e isso vindo de alguém que eu sei que me ama e me admira tanto, pode ser entendido como algo próximo de cabeça dura, mimada, birrenta ou teimosa. Ou tudo ao mesmo tempo.

De alguma forma eu sou mesmo isso. Acredito tanto naquilo em que acredito que sinto necessidade de enfatizar, de frisar, grifar com marca-texto, escrever no post-it, no mural, no blog. Mas, apesar da crença nas coisas que me despertam verdade, não tenho pudor algum de mudar de opinião. Sou a pessoa do outro lado. A longo prazo sou um milhão de contradições. Vou me alternando entre versões distintas. Olhando a janela alheia. Subindo no muro para ponderar os dois lados que toda história tem. Vivo assim. E pra mim, funciona.

Falta isso nas pessoas. Falta baixar a guarda, falta desengatilhar as armas e viver mais leve. Cada um do seu jeito. Cada um levando a vida como acha melhor. Cada um carregando sua própria cruz. Cada um respeitando as escolhas que o outro faz. Cada um aceitando que nenhuma verdade é absoluta e que o centro do universo passa longe de seu próprio umbigo. Sempre digo, quem carrega as responsabilidades pelo que eu faço sou eu. E quem carrega as culpas pelo que você faz é você. Eu assumo de cá. Você assume daí. E pronto. E ponto. Cada macaco no seu galho. Cada um com seus problemas.

Me sinto perdida quando acho que não estão olhando da minha janela, que não estão se pondo no meu lugar, nem tentando entender o que eu sinto e penso. E muitas vezes, sem sequer ouvir o que eu tenho a dizer. Por isso o blog, por isso o nome. Afinal de contas, aqui, fica escancarada a minha janela, a chance de que o outro espie minha alma, minhas opiniões e minha vida.

Assim me sinto com a missão cumprida de que, mesmo se for para não concordar comigo, as pessoas terão antes uma versão escrita, uma opinião concreta, um martelo batido, um ponto de partida. Fica o registro do que há em mim. Janela aberta.

Sempre soube que definições são limitadoras.

Aqui, aceitei correr este risco, lembrando a quem importar saber, que o melhor não está escrito e não está mesmo. Foi só o jeito que eu inventei para não morrer sufocada. Aqui, da minha janela, da janela da minha vida, tem eu. Eu em palavras, eu ao meu modo, eu na minha versão. Eu e a minha verdade. A verdade que eu vivo, vejo ou invento. E nem por isso deixa de ser minha. A janela da minha vida.

Um comentário:

  1. Meu blog segue essa trilha do 'vi, vivi ou inventei'
    hehehe
    Gostei daqui*

    =)

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