quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O amor acaba..


Alguém duvida? A-ca-ba!

É certo que viver se preparando para isso, - para o fim do amor -, não tem graça e não tem a menor lógica. Cá estou eu me aproximando dos quatro aninhos de nós dois, cheia de certezas, expurgando cada dúvida, qualquer indício de que eu não vá estar pra sempre onde estou.

Mas ainda assim, nem eu, nem ele, nem você, temos certeza de quanto tempo dura. Pra sempre é muito tempo, pra sempre é um lugar que eu adoro e é bom de estar. Adoro sentir que alguma coisa nunca vai terminar. Mas quem vai saber?

Ou você acha que aquele casal que namorou doze anos, se casou e se separou depois de um ano juntos achou que fosse acabar? Ou aquele que se apaixonou e viveu os dois meses mais intensos de suas vidas? Ou aqueles dois que largaram seus antigos relacionamentos por não acreditarem que pudessem viver um sem o outro? Ou aquele outro que já começou com jeito de quem ia terminar? Não achou. Não acharam. Ninguém achou. Mas acabou. Porque o amor acaba sim.

Outro dia, na mesa de um restaurante, a história (triste) era:

“Ele chegou em casa, nos pediu pra conversar e disse:
‘- O amor acabou e estou indo embora.’
Levantou, fez as malas e foi.”

A frase veio da mãe de um amigo, que com seus oitenta e poucos anos narrava o dia que seu casamento de vinte e seis anos terminou. E o detalhe é que, mesmo que isto tenha ocorrido anos atrás, eu juro que eu vi lágrimas nos seus olhos.

Sim. Ele pode acordar, naquele sábado lindo, com o dia colorido e achar tudo cinza. E me olhar e pensar que eu ainda sou sua melhor amiga, mas apenas isso. Me olhar e achar que eu sou linda, mas não a mais linda das mulheres que já houve no mundo. E que eu sou uma boa moça, mas não mais a que ele imagina mãe de seus filhos. Ou que meu creme tem um bom cheirinho, mas não o perfume que o remete ao melhor cheiro das flores, da primeira noite de amor, onde ele desejou estar pra sempre. Ou que meus cabelos negros são bonitos lisos, mas que ele quer filhos com cachinhos. Ou que eu sou forte e doce, mas não é a força, nem a doçura que ele espera ter por trás de si ao caminhar pela vida afora.

Enfim, o amor acaba. E o fim do amor é muito difícil. De encarar. De enxergar. De aceitar. Porque não são necessários motivos, razões ou por quês. E coisas sem explicação nos dão esta ruim sensação. Acaba. Somos parte das ciências humanas e não das exatas e ninguém controla, portanto, o que não tem mesmo controle. A parte da culpa é assunto pra outra hora, mas a certeza é que ninguém pode ser considerado culpado pelo fim do amor.

Não é tão simples assim entender isso. Em um dia o cara (aquele, do cavalo branco) te dá o mundo. No outro, tira. Vem e devolve o chão que você não queria mais pisar. Porque escolheu viver no conto-de-fadas onde quem ama, vive. De repente, lá estão eles, seus pés, no chão. De onde você, nesta hora, deseja que eles nunca tivessem saído.

A gente sabe. Sonha diariamente com o pra sempre. Espera o dia do casamento, da notícia da primeira gravidez, das primeiras rugas, da aposentadoria a dois. Mas sabe disso. O amor pode terminar. E eu não estou preparada para isso. E nem vou.

Muitos relacionamentos terminam antes do amor esgotar. Por falta de dinâmica e não pelo fim do sentimento, em sua essência. E isso, como sempre, é assunto para outro post. Por hora, eu, que optei por viver minha tal fantasia (apesar das doses freqüentes de realidade), não quero que ele se finde em mim. Sempre vou precisar de amor e por isso não vou a lugar nenhum. Pelo menos, não até que ele acabe.

É assim que é.

Pós Scriptum de esperança: Finais são tristes, mas não precisam de levar a ternura do tempo em que o amor existiu. Depois de todo final, há um recomeço. Para um novo amor surgir é necessário que o anterior chegue ao fim.

É, é assim que é.

2 comentários:

  1. "E o pra sempre, sempre acaba". Fim.

    Muito bom...eu prefiro sempre acreditar que pra sempre quer dizer pra sempre mesmo. Ruim que nunca é. Bom que sempre aparece um novo jeito de dizer que de novo valerá a pena.

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  2. Olha, o amor acaba e não acaba. Quando alguém que amamos se vai e leva um pedaço da gente junto, talvez o amor acabe no sentido de não mais voltarmos a estar com a pessoa que se foi numa outra direção. Mas por dentro da gente, há quartos e mais quartos, cofres emais cofres, diários e mais diários, todos cheios de boas lembranças... De repente uma noite temos um sonho lindo e acordamos sorrindo... Pronto, nesse sentido o amor perdido sempre continuará.

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