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A vida é um doce..

Hoje é aniversário do blog.

Há exato um aninho, aqui estava eu pela primeira vez.

Pela primeira vez falando sobre mim, me despindo para quem quisesse assistir, escancarando minha janela, me esvaziando, me aliviando, com suavidade, com firmeza, com certeza, com as contradições que existem em mim.

Durante um ano inteiro estive aqui, menos vezes do que gostaria, mas acho que suficiente. Avisando, alertando ao outro o que eu sou e o que eu não sou. Correndo um risco enorme ao fazer isso. Me lembrando de olhar no espelho da alma, me enxergar e aceitar o que eu vejo. Registrando aquilo que existe em mim. Pretendendo o impossível, mesmo sem acreditar que algo de fato o seja.

Me conheci melhor. Aprendi que meus pensamentos não comportam tudo aquilo que eu penso e por isso escrever foi tão importante. Organizei minhas idéias. Aceitei minha ingenuidade e minha inocência ao acreditar nas pessoas e ao me preocupar com elas, mais do que elas comigo, mais do que elas talvez precisassem. Descobri quantas vontades existem em mim. Aprendi a conhecer uma a uma. E a vivê-las inteiramente. Ou fugir, olhando pra trás, pra ver o que estava a deixar por ali.

Me enxerguei, por cada um destes dias de blog, muito mulher, segura, completa, madura e, também, muito moleca, infantil, criança, vulnerável. Doce. Leve. Tolerante. Assumi a personalidade difícil e desenvolvi um esforço constante em suavizá-la. Depois, voltei atrás e resolvi ser exatamente como sou, sabe-se lá o que isso queira dizer.

Me encarei aqui, nas minhas palavras, que foram sempre escritas, em primeiro lugar, pra mim mesma.

Fui livre. Sou livre. Não sou de ninguém. Não sou de mamãe e de papai. Não sou dele. Sou o que eu quiser ser. E traço meu destino. Faço minhas escolhas. Já que as conseqüências eu é que suporto. Do meu jeito, certa ou errada, sigo em frente. Vivendo diariamente um mundo inteiro de sentimentos dentro de mim mesma. Me aceitando. Imperfeita, com pecados, e me perdoando, sempre, como a Martha.

Me gostei. Profunda. Intensa.
Às vezes simplista, feliz demais pra querer racionalizar todas as coisas.
Me gostei falando o que penso. O que eu sinto. O que deu na telha.
Falando a verdade mesmo se fosse dolorida ou constrangedora.
E calando quando a verdade não importava mais.
Ouvi que era esquisita, louca, estranha, desajeitava.

Gostei de ler, de estudar, do saber, de inteligência. Mas, com licença, também gostei de compras, roupas, sapatos. E de milkshake de café, bala de minhoca. De joguinhos de computador e de celular. E me diverti. Sempre. Pra mim só tem graça se for achando graça, se for parando cada momento ruim para dar umas risadas e falar em voz alta pra mim mesma “ que vai passar e eu não preciso esperar passar pra rir de tudo!”. E sempre passou.

Meu último ano foi assim. A minha vida foi assim. É assim. Bem do meu jeito. E isso merece um suspiro de felicidade, um sorriso escancarado, um dia lindo, uma roupa colorida e um passeio sozinha no parque com um livro na mão. Isso merece não deixar de acreditar. Nos sonhos. Nas pessoas. No amor. Em comercial de margarina.

Hoje, no aniversário do blog, eu podia publicar qualquer um dos cerca de 20 posts que há no meu arquivo. Mas se meu blog é o meu jeito de diminuir o ritmo e aliviar a intensidade de tudo em minha vida, hoje eu não quis isso. 11 de setembro já tem uma carga muito pesada de conflitos mundiais, ataques suicidas, tensões religiosas, Guerra ao Terror.

Hoje eu só quis a emoção preferida do meu coração. De plenitude, de estar completa com o que há de melhor na vida. O que é simples e bom. Não ter nada e ter tudo. Me enxergar vivendo pro outro, mas estando em primeiro lugar. De sentir algo que dê pra pegar, pra tocar. Olhar nos olhos, assumir. Me assumir. Me enxergar princesa do papai. Boneca. Menina. Suave. Humana. Defeitos e fraquezas, que eu não preocupo mais em esconder. Mulher.

É isso que eu estou fazendo aqui hoje. Tentando ser somente doce. Do jeito que às vezes eu sou, mas não é sempre. Tentando me aceitar e aceitar tudo que é diferente. E aceitação faz parte do processo de si mesma. Parte do processo de viver em paz. De viver o outro. De viver o mundo. Aceitando.

Aceitando, inclusive, que no minuto seguinte, eu posso recusar. E passar a não aceitar mais, revoltar, indignar e fazer o que eu puder fazer pra mudar aquilo que eu acho que está diferente de como deveria estar. Do meu ponto de vista.

Doce, doce, doce, a vida é um doce. Como na música. Uma doce vida.

Comentários

  1. Olá, Luli! Venha ler em meu blog o que eu criei nas asas da poesia e com os pés na razão. Atualmente estou com o texto “O Quinto Sinal Vital”. Considerando que sua pressão, o seu pulso, a sua respiração e sua temperatura são os quatro sinais vitais, você sabe qual é o seu quinto sinal vital? Confira. [sorrio].

    “Entre o sonho e a realidade eu prefiro a realidade que me permita sonhar” (Jefhcardoso)

    http://jefhcardoso.blogspot.com

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