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Mostrando postagens de 2012

Desculpas antes que o ano vire.

Fim do ano e sempre me despeço por estes dias. Natal, virada de ano. Natural que as pessoas agradeçam e renovem os pedidos para os próximos 365 dias que neste momento se parecem centenas de oportunidades de fazer tudo diferente. Neste ano não vou seguir o protocolo, não vou renovar os pedidos um a um porque 2012 me mostrou que nossos planos, nossas intenções não tem muita vontade própria. O destino se desenha como quer e nossa luta é para se desviar aqui e ali do que não parece o ideal. Também não vou agradecer, ainda que eu tivesse motivos para isso, porque gratidão é atitude, é referência, é coerência e não um amontoado de palavras soltas e sem sentido. Para fugir do clichê hoje eu vou fazer diferente e vou me desculpar enquanto é tempo e antes do ano virar, vou me desculpar comigo e com vocês. Peço sinceras desculpas por desrespeitar meu destino, por ter desacatado o que eu senti por mais de uma vez, por ter encerrado tanto vida, por ter alterado o curso da minha história,...

"De maior".

Isso sempre acontece comigo. E deve ter alguma razão. Saindo do Tribunal de Justiça assentei em uma daquelas casinhas de ônibus para organizar minhas coisas e esperar um táxi. Estava lá não tinha dois minutos e vem uma princesinha de rua, rostinho de boneca, descalça, um vestido caindo largo sobre os ossinhos dela, tentando vender adesivos. A reação é meio padrão e a minha também foi. – Compra um tia? – Não tenho, princesa. E ela se assentou ali do meu lado para esperar. As duas pessoas que estavam por ali deram uma afastada que me encheram de raiva e um certo nojo.Meu telefone tocou em cima da minha pasta, a pequena olhou para minha foto na imagem de fundo, depois para mim e perguntou: - É você? Eu olhei para ela e concordei, ouvindo, então, daquela boquinha desenhada, que eu estava muito bonita na foto. E ela disse isso enquanto colocava a mão no meu joelho. Olhei melhor para aquela coisinha magrela do meu lado, com os olhinhos de jabuticaba na minha direção e pensei em...

Do que aprendi com eles.

Dia dos professores. E minha homenagem para eles vai através das duas pessoas mais importantes na minha vida. Meus pais são envolvidos com educação desde seus primeiros anos de trabalho. Não trabalham mais dentro da sala de aula, mas construíram tudo que tem investindo nisso com muito amor, ensinando aquilo que aprenderam nas especializações e na vida. Independente do belo trabalho que os vejo realizar, sinto que aquilo que de mais importante ficou na história foi o que me ensinaram e que por outras vias também alcançou a centenas de pessoas. É aquilo que ultrapassa a grade curricular e permitiu que eu fosse hoje Dra. Luísa, Xú, Lú, Luli, Magrela, Morena, Pequena, Xulispa, Da minha janela. Professores são almas livres, pessoas que não envelhecem, que não param no tempo, que estão dispostos a doar o que sabem, a dividir o melhor de si mesmos, a passar a vida tentando ensinar a própria vida para jovens para quem o céu é o limite.   Comigo também foi assim. Cresci dentro da minh...

Só mais uma de amor II.

Ele saiu, deixou a porta bater nas suas costas e ficou ali parado, ouvindo só sua própria respiração e talvez o som que ele achou ser do soluço baixinho dela por trás da porta. O fez não sem antes ter ouvido da boca salgada de lágrimas dela que ele era um idiota ou corrompido, não sei mais ao certo. Não sem antes também ter dito que ela levava uma vida louca, sem rumo. Tudo aos quase gritos. Entre lágrimas. Verdades parecidas com mentiras. Mentiras parecidas com verdades. Acusações. Ofensas. Carapuça que serviu como luvas para os dois. Mesmo que nenhum deles fosse tão ruim assim como o outro naquela hora queria tanto acreditar. Eles tiveram um caso por duas semanas; romance relâmpago, mais relâmpago do que romance. Ele era comprometido há muitos anos. Ela uma solteira convicta, também há muitos anos. Ele tinha uma relação que alcançava quase uma década. Ela só tinha relações superficiais desde que o ex-noivo lhe trocou por uma grande amiga; isso já uns três anos antes. ...

No lugar mais alto do pódio.

No fundo, todo casal sabe que pode acontecer, mas vive como se não fosse nunca. Lá atrás com as primeiras conversas, vieram as primeiras promessas. Os primeiros encontros, as primeiras horas e horas de conhecimento diziam, - meio que anunciavam -, que duas almas às vezes saem de seus próprios corpos para se encontrar. E como era bom sentir que era um encontro, sentir que estava nascendo, acontecendo. Que o pedido estava se realizando.Que eles estavam realmente dispostos a se permitir, como na velha música. E se permitiram. Tudo aquilo que já haviam visto e vivido até ali serviu de norte para o novo casal que nasceu no corredor de uma repartição pública, com o primeiro beijo roubado e desajeitado dentro do carro, com o pedido de namoro no chão da casa da melhor amiga no fim de uma festa. Na verdade o que haviam visto e vivido serviu mais de sul do que de norte. Porque eles só quiseram e se prometeram caminhar no sentido contrário de tudo aquilo com o que não concordavam em outr...

Carta para ele.

Nunca fiz isso assim, nunca escrevi para você diretamente. Me parecia difícil demais. Quer dizer, ainda me parece. Você sabe dos meus ceticismos e para te escrever eu precisava de acreditar realmente que você fosse capaz de ouvir. Você também sabe que quando foi embora me tirou um pouco este tal do não acreditar, porque foi a única forma que encontrei para viver; sobreviver eu diria. Também acho que nunca quis pensar exatamente naquilo que teria te dito pela última vez se tivesse tido esta chance. Sufocante demais pensar nisso, porque esta chance não existiu. E nem vai. Mas sempre dá para tentar. Eu sou de me arriscar, você sabe. Preciso de sentir antes, viver antes, para saber. Sabia que eu me lembro da última vez que a gente se falou? Você me ligou, na quarta-feira antes do carnaval. Falou para eu ligar para mamãe e pedir para ela comprar passagem para você viajar na quinta-feira. É, naquela quinta-feira. Uma viagem que você inventou de última hora. Eu estava no Gabinete tra...

Aos pés e corações des-aquecidos.

Dia 12 de junho. Dia dos namorados. Dia lindo, não? Lindo, mas talvez nem tanto. Para os solteiros, ou melhor, para boa parte deles o dia não parece ter nada de tão lindo assim. É que assistir a 237 ações de marketing contendo corações vermelho-sangue, banners de “o-fotógrafo-captou-o-segundo-que-antecede-o-beijo” e dezenas de postagens nas redes de relacionamentos da dobradinha flores&bombons estampando os perfis pode parecer bem sem graça para quem não tem um par para chamar de seu. Ter alguém para esquentar o pé e o coração neste dia frio parece proposta boa demais para não se aderir. Mas por si só me soa meio como propaganda enganosa. Primeiro, os pés vão continuar frios porque até onde sei é plena terça-feira útil e ninguém vai se enfiar de dupla, com filme e pipoca debaixo das cobertas no meio do expediente. Segundo, flores e bombons com data marcada não são lenha para aquelas fogueiras que soltam suas últimas faíscas diante dos ciúmes exagerados, implicâncias ...

Brisa leve, bomba atômica.

E foi nesta última semana mesmo que, não pela primeira vez, me perguntaram se o que está escrito aqui é tudo verdade ou não. Difícil responder a esta pergunta. Posso dizer para começar que o que está no blog é real. Existe mesmo. É alguma verdade minha. Mesmo que seja um tipo de verdade inventada. Isso aqui é meu mundo. Onde me organizo, onde me construo, onde me reconstruo. É o modo que eu inventei de me encontrar quando eu me perco. De me refazer quando me quebro. De me reconstruir quando me despedaço. De me mostrar quando estou guardada. De me esconder quando estou exposta demais. É uma deixa, uma entrega, uma dica. É um grito, um pedido, um alívio. É isso tudo e não é nada disso. É um amontoado das verdades mais doloridas e escancaradas que só ficam expostas aos olhos de quem quer ver. Aos olhos de quem sabe ver. E é uma fuga, um jeito de correr sem olhar para trás, de pular sem ter como voltar. O que está gravado não se apaga mais. É meu caminho. Ou uma narrativa distorcida de...

Não é de graça.

Tem um preço. Custa caro. Mas eu escolhi pagar. Estou falando de viver. De viver com graça. É que viver sem graça não tem, definitivamente, graça nenhuma. Aí eu escolhi. Escolhi passar pela vida assim. E assim quer dizer sorrindo. Quer dizer amando. Quer dizer me doando inteira a cada uma das minhas relações. Quer dizer fazendo a coreografia errada sem me importar com os outros. Quer dizer fazendo careta. Sendo criança. Escondendo atrás da porta do banheiro para dar susto no amigo e assustando a pessoa errada. Quer dizer ajoelhando no chão de rir de mim mesma. Quer dizer não correndo da chuva e me molhando inteira. Ou correndo da chuva e me esborrachando no chão. Ou rolando barranco abaixo e rasgando meia calça e joelhos na primeira hora da festa. Quer dizer não me importando, não me incomodando com o que os outros vão pensar. E quer dizer sempre querendo ser a última a ir embora, mesmo se aparentemente a festa já acabou. Entende que nunca acaba? Sempre dá tempo de dançar a última músi...

Sutiãs de renda.

Lutamos tanto, por tantos anos para sermos tratadas como iguais. A qual preço? Porque iguais? Será que o que desejávamos mesmo, lá atrás, era isso? Igualdade é a melhor palavra e o melhor ideal? Não sei não. É claro que quero ser tratada com equilíbrio. Mas eu ainda quero mesmo ser tratada por eles com diferenças, muitas diferenças. Porque ainda quero que abram a porta do carro para mim, que me mandem flores, que me beijem no olho. Ainda quero que me façam surpresas, que me chamem de linda, que me deem atenção. Quero que eles troquem pneus, lâmpadas e matem baratas. Quero que puxem a cadeira para que me assente, arrumem minha franja, me achem linda quando eu falo sem parar. Quero que me olhem nos olhos. Quero que percam o ar quando eu sou naturalmente sensual e não se agüentem perto de mim quando sou forçosamente sexy. Quero poder usar minha TPM como desculpa para minhas alterações de humor e para fugir da dieta. Quero manter meu direito de nunca ter seus tons de voz aumentados para mi...

Sapatos apertados.

Todo mundo tem um par de sapatos apertados. Cada um sabe bem onde aperta o seu. Com a vida também é assim. Eu costumo saber bem onde me aperta, onde mora o que incomoda, atrapalha a caminhar adiante, o que impede de seguir em frente. Para mim aperta não conseguir entrar na vida de algumas pessoas e aperta que outras saiam da minha. Aperta que tomem conclusões precipitadas a meu respeito. Aperta preconceito, sexismo. Aperta que as pessoas busquem maneiras iguais de tentar ser feliz. Aperta mentira. Aperta descaso. Aperta assistir ir embora pessoas que eu gostaria que sempre fossem minhas. Aperta quando um bom e antigo amor se casa. Aperta quando alguém não consegue me entender do meu jeito; aperta mais ainda quando este alguém sou eu mesma. Aperta quem não respeita. Aperta fofoca. Aperta quem julga os outros. Aperta quando faço coisas sob as quais deveria ter arrependimentos, mas me nego a me arrepender de viver. A culpa também me aperta. Me aperta não receber o mesmo que dou em troca....

O que fica.

Someone Like You (Adele Cover) by Kamelia on Grooveshark Nas vésperas da minha última viagem em meio a correria típica de vésperas de viagem duas perguntas se repetiram um milhão de vezes na minha cabeça: O que eu gostaria de deixar por aqui quando não estou? E o que na verdade fica? Viajar, sair do meu lugar me põe sempre este tipo de ideias no pensamento. É que eu não tenho mesmo o hábito de deixar meu lugar seguro por tantos dias. Nem sei se posso chamar minha vida assim: lugar seguro. Talvez melhor seja dizer que é o meu lugar. E ponto. Inseguro, que seja. Mas de qualquer forma é meu e não costumo deixar minhas coisas por aí. Mas o que eu gostaria de deixar quando me vou? Ah, gostaria que ficasse o eco da risada fácil que sou capaz de sorrir. E a evidente e descontrolada capacidade de amar que eu aprendi. Gostaria que ficasse sempre o gosto da saudade que sinto do que não pude viver. E o cheiro da liberdade que mora dentro de mim. De que nunca vou abrir mão e que compõe metade do ...