Pular para o conteúdo principal

Um sonho bom!

Sempre fico a pensar no que os sonhos representam. Às vezes acho que são uma modo de fazer algo que gostaríamos de ter feito e não tivemos possibilidade ou coragem. Às vezes acho que são um modo de realizar ou viver algo que não gostaríamos, mas pelo que devemos passar, pra experimentar sensações, testar nossos medos, nossa moral, nossas vontades. Às vezes acho que nem uma coisa, nem outra, que não querem dizer nada, que é só diversão do inconsciente, da alma, pra sair da mesmice dos nossos pensamentos ou da nossa rotina.

Eu nunca sonhei com meu irmão. Sempre pedia pra isso acontecer só quando fosse a hora. Digo, nunca tinha sonhado. Até esta noite.

O sonho: Uma festinha lá em casa. (não rara). Os amigos todos lá. Meus pais. Os meninos. Os vizinhos de muro e de rua. Churrasco, pinga (argh), vodka, água de côco, suco de laranja, os amendoins da minha mãe. Eu resolvi tomar conta do som, o que normalmente não é autorizado, uma vez que meu gosto musical é considerado duvidoso. Coloquei uma música do Alexandre Pires no Repeat: "Quem é você? Você é o grande amor da minha viiiiida"... Depois de duas horas tocando a mesma música, ele se aproximou do som, fingiu que me xingou e desligou. Eu dei um grito lá de longe e corri pra ele: "Não tira minha músiiiiiiica!" Ele me olhou. Sorriu. Doce. Bravo-de-mentira. Me chamou de baranga. E me passou os braços em volta do pescoço, como ele sempre fez. E, então, a gente riu. Um pro outro.

Acordei pensando: "É, isso, seu atrevido? 4 anos sem sonhar com você e você vem com este sonho bobo?" É verdade que eu havia imaginado alguma outra coisa. Mas acordei em paz. Como se ele ainda fosse parte da minha vida. Pra mim, o que mais importa, são os detalhes. É o que é simples e bom. Então, entendi. Entendi que não haveria maneira melhor de sentir que ele ainda é parte de tudo em mim e na minha vida. E é. E eu senti. Pode ter sido só um sonho. Mas foi real. E foi simples. E bom.

A propósito, não, eu não gosto desta música.
Saudadezinha boa.

Comentários

  1. muito lindo...acabei de ler e confesso que chorei...de emoção, saudades do Lucas, enfim, por sentimentos bons que tomaram conta do meu coração...um beijo muito grande!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Para beijar na chuva.

Pela ordem natural este post deveria ser aquele sobre minha viagem, sobre minha partida, sobre minha chegada.  Mas não tenho sido muito adepta da ordem natural ou estaria em uma outra vida, sonhando com um bando de coisas que eu nem acredito que existem. Por isso o fim de ano chegou primeiro e com ele meu post da virada, que tem se tornado uma tradição para mim. Algo como o Especial de Natal do Roberto Carlos ou o Show da Virada do Faustão. Post de final de ano, então, tem todo fim de ano. A única condição aqui é que as sensações sejam novas e desde já fica meu pedido para que o universo renove meus desejos e que eles sejam mesmo diferentes a cada ano, e sejam alimentados por expectativas diferentes, sensações diferentes e sonhos diferentes. E que haja, por isso, inspiração para que eu escreva a cada virada de ano e muitas vezes entre uma virada e outra, porque se isso não significa muito para as pessoas, para mim, significa sempre que eu estou viva. E só por este motivo e...

Carta aberta a Fábio Jr.

« Enquanto não  atravessarmos  a dor da  nossa  própria solidão,  continuaremos  a nos buscar  em outras metades. Para viver a dois, antes,  é necessário ser um. » - Fernando Pessoa. Fábio, você tem ideia do que você fez? Você tem ideia de quantas milhares de pessoas estão infelizes por sua causa? Está bem, eu sei que é um peso muito grande para você carregar, mas você devia ter pensado nisso antes. Eu gostava tanto de você, sabia? Sei lá se você é afinado o bastante, mas como a única coisa que eu entendo de música é que eu gosto quando me faz sentir viva, você serviu. Passei minha infância inteira te ouvindo por milhares de quilômetros no banco de trás do carro e em tardes passadas no quintal. Passei minha adolescência inteira te ouvindo cantando lá na sala durante os jantares que meus pais faziam para os amigos. Passei minha vida adulta inteira acordando com você me perturbando domingos de manhã (muit...

Estrela no teto.

O quarto do meu irmão virou o quarto de computador. Foi melhor assim. Mudar as coisas de lugar diminui a estranheza de não tê-lo mais aqui. O armário, aos poucos, foi esvaziado e dele, guarda apenas uma ou outra camiseta preferida. A cama mudou de lugar. O computador veio para cá. Um mural de fotos, uns livros, outra cor na parede. Pronto. Algumas mudanças. Necessárias. Algo aqui, algo ali foi mantido igual. Melhor assim também. A mudança desconstrói umas sensações que não são boas para se viver todo dia. E os detalhes preservados mantêm aquelas sensações sem as quais não seríamos capazes de viver. Cada qual com sua função: a mudança e os detalhes. Hoje estava aqui, esperando baixar um arquivo e dei uma espreguiçadinha, estiquei, balancei os cabelos e olhei pra cima. Tudo automático, coisa que se faz todo dia. No teto deste quarto em que já estive por tantos anos, vi, pequenininha, esquecidinha, já pintada da cor nova do teto, uma estrelinha. Sim, uma estrelinha. Lembra daqueles adesi...