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Não dê nome à sua felicidade.

E quem vai entender os desejos mais íntimos, profundos e até obscuros de um ser humano? Já fui aquela que muitas vezes não compreendendo o outro, apontou o dedo para algo que não me pareceu uma conduta adequada. Já vai tempo que não sou assim. Quem pode julgar coisas feitas com o coração, se de fato são feitas com ele? Quando compreendi que cada um sabe os limites da sua felicidade interrompi este tipo de avaliação sobre o agir de cada um. Dei ao outro o direito de ser feliz ao seu modo, sem ter que assistir meu olhar ou meu apontar pesando sobre ele. E me dei este mesmo direito. E por isso também não aceito olhares ou dedos a me apontar. Entendi que detesto mesmo as convenções. Vivo algumas, mas porque quero, não porque as pessoas esperam que eu viva. Dão nomes iguais a contextos diferentes. Namoro. Batizado. Casamento. São vivências e relações tão diferentes umas das outras, que não aceito bem que tenham o mesmo nome. Se eu namoro, meu namoro não parte das mesmas premissas que o seu. E, portanto, provavelmente, não seria necessário que nos levasse ao mesmo lugar. Isso é assunto pra aquele outro post que nunca saiu. Mas pra mim isso engessa os desejos, as manifestações de liberdade. Quem é você? Quem sou eu? O que me satisfaz? E a você? Não dê nome à sua felicidade. O nome da minha felicidade não pode ser o mesmo da sua. Eu quero ter uma satisfação só minha. E quero escolher o nome dela. Não quero que você diga o que é bom pra minha vida. Porque, com licença, só eu sei. É difícil ter convenções assombrando nossas vidas, nossas atitudes. Talvez elas sejam freios sociais, mas não se lutou sempre e tanto por liberdade? Precisamos mesmo é de uma Princesa Isabel das convenções. Que venha alguém, então, e dê a todos uma carta de alforria para que cada um possa escolher o modo como quer viver. Felicidade é tão simples. Mas não é simples tê-la controlada e vigiada por olhos de quem provavelmente ainda acha que a satisfação está ligada a atender ao que as pessoas esperam de nós. É difícil dizer o que nos faz efetivamente feliz. Mais difícil é ser feliz ao nosso modo, abrindo mão daquilo que as pessoas escolheram pra nós. Isso também é assunto pra outra hora, mas propaganda de margarina definitivamente não atende as minhas necessidades urgentes de uma vida feliz. Talvez em outro momento me baste. Por hora, preciso de um pouco mais da experiência que é viver. Mais fundo, mais sentir, mais intensidade ao que é simples e ao que não é também. Isso pra mim é viver.

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