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Mostrando postagens de setembro, 2010

Fluidos transcendentais..

Ele me chama de marmota. De magrela. De gordinha. De bicuda. De baranga. Ele chama meu all star de kichute, minha alergia de pereba e minha calça xadrez de roupa de quadrilha. Ele me olha com carinho mesmo quando eu estou insuportavelmente chata de Tpm distribuindo indelicadezas por aí. E me dá bala ou sorvete. Ele arruma meu computador. Meu aumento. Meu humor. Ele me trata como se eu fosse um homenzinho. E me leva pro almoço só dos meninos. Ele divide a sala comigo. E faz piada de tudo que eu falo, faço e visto. Ele é criminalista, mas sempre tem boas teses civilistas. Ele me chama pra ir com ele até o Fórum de Nova Lima, só pela minha companhia. Ele me ensina tudo sobre os homens. Ele me acha linda, mas fala que eu sou “até bonitinha”. Ele é o Dj e anima as festas na minha casa, distribuindo pinga por ali. Ele diz que o Thor é mal educado e o Lilico vira-lata. Ele me espera para almoçar. E paga meus almoços. Ele me conhece como ninguém. E sabe meus segredos. Ele toma conta de mim. El...

Olhos de diamante.

Dois paredões. Duas estruturas. Firmes. Imponentes. Sempre soberanos. Vivos. Sempre ali. Olhos de diamante. Meus pais. Meu pai. Minha mãe. Inabaláveis. Digo, aparentemente, inabaláveis....................... É difícil aceitar que nossos pais mudam. Que nossos pais são frágeis, falíveis. Que se entristecem. Que se perdem. Que se desestruturam. Que são humanos, e não heróis. Difícil aceitar que talvez não exista mais o brilho dos olhos de diamante que por tantas vezes foram pousados sobre nós. Tanto amor, tanta alegria completa. Durante os últimos mais de quatro anos eu neguei o fato de que eles poderiam mudar. Neguei que o fato de eu ter perdido meu irmão iria mudar tanto assim minha vida. Neguei que o fato deles terem perdido o filho também mudaria. Mudou. Hoje, em meio a dias dos quais eu venho fugindo e situações que eu venho evitando, eu entendi isso. Mudou. Pode parecer estranho dizer. Mas não é. É simples. Mudou. Muita coisa mudou. Eles mudaram. Talvez ela não seja...

A vida é um doce..

Hoje é aniversário do blog. Há exato um aninho, aqui estava eu pela primeira vez. Pela primeira vez falando sobre mim, me despindo para quem quisesse assistir, escancarando minha janela, me esvaziando, me aliviando, com suavidade, com firmeza, com certeza, com as contradições que existem em mim. Durante um ano inteiro estive aqui, menos vezes do que gostaria, mas acho que suficiente. Avisando, alertando ao outro o que eu sou e o que eu não sou. Correndo um risco enorme ao fazer isso. Me lembrando de olhar no espelho da alma, me enxergar e aceitar o que eu vejo. Registrando aquilo que existe em mim. Pretendendo o impossível, mesmo sem acreditar que algo de fato o seja. Me conheci melhor. Aprendi que meus pensamentos não comportam tudo aquilo que eu penso e por isso escrever foi tão importante. Organizei minhas idéias. Aceitei minha ingenuidade e minha inocência ao acreditar nas pessoas e ao me preocupar com elas, mais do que elas comigo, mais do que elas talvez precisassem. Descobri qua...

É só a lembrança de um momento bom...

Fim de festa. Madrugada do dia 13 para o dia 14 do mês de agosto, 04:30 horas. Casa vazia. Umas horas antes, casa cheia. Aí fica aquela sensação boa. De missão cumprida. De aniversário comemorado. De ter pessoas pra se amar. Pra me amar. Todo mundo vai embora. Fica a bagunça melhor de arrumar, as fotos, uns presentes, a lembrança boa de mais um aniversário. E também fica quem nunca vai. Entre as toalhas de mesa e as cadeiras espalhadas pelo quintal, entre os copos, os embrulhos amassados de presente, os presentes. Entre a bebida derramada, o bolo, as velas. Entre tudo isso, o melhor abraço do mundo. Silencioso. Sem aviso. Sem motivo. Com todos os motivos do mundo. Demorado. No meio, bem no meio do quintal. Normalmente, no meu quintal eu me sinto guardadinha, pequenininha, protegida. Sinto que o mundo é enorme lá fora. Nesta hora, não. Nesta hora meu quintal, sim, é que parecia o centro do mundo, enorme, meu lugar. A sensação é de que parecia que tudo é que girava em torno de nós. Ao re...