terça-feira, 3 de maio de 2016

Essa coisa de ser livre.

“E aqueles que eram escravos entenderam errado esta coisa de ser livre”.

Ser livre tem a ver com não permitir que o olhar do outro determine a maneira como eu me comporto.
Ser livre é não colocar sobre si mesmo um olhar que imputa culpas, ao invés de responsabilidades sobre nossas atitudes.
Ser livre é ter coragem de dizer que é amor.
Ser livre é não ceder nunca ao “se todo mundo faz assim, deve estar certo”.
Ser livre não tem nada a ver com fazer qualquer coisa, mas tem a ver com fazer o que é bom para gente mesmo.
Ser livre é não deixar ninguém escolher o que me faz feliz.
Ser livre é escolher conscientemente onde colocar minha felicidade.
Ser livre é aceitar que desde que minhas escolhas não reflitam negativamente no outro, elas são minhas.
Ser livre é escolher ter três filhos.
Ser livre é escolher não ter nenhum filho.
Ser livre é escolher que o único amor que merece o seu é o dos cachorros.
Ser livre é se apaixonar todos os dias. Pela mesma pessoa ou por uma pessoa a cada dia.
Ser livre é aceitar que eu ainda amo aquele cara, mas que esse amor não paralisou minhas opções de ser feliz.  
Ser livre é poder ter o número de parceiros que você quiser. E ser livre é escolher esperar.
Ser livre é se orientar sexualmente no sentido que for.
Ser livre é trabalhar com algo que te dê prazer e não estar acorrentado a um salário.
Ser livre é escolher seu próprio estilo de vida.

E eu sou.

Eu sou livre quando transbordo, quando falo a verdade.
Eu sou livre quando falo não, quando fico em casa sábado à noite ou quando volto no dia seguinte.
Eu sou livre graças a meus pais que me deixaram ser o que eu quisesse.
Eu sou livre quando não desejo a vida, o corpo, o dinheiro ou a história de ninguém.
Eu sou livre quando sorrio para um estranho na rua.
Eu sou livre quando paquero alguém no metrô.
Eu sou livre quando não dou aquele beijo na frente do portão no fim da noite.
E sou livre quando roubo este mesmo beijo.
E eu sou livre quando não deixo dizerem que mulher não deveria falar palavrão. Nem falar alto.
E sou livre quando não falo palavrão. E quando falo alto.
Eu sou livre quando saio de saia curta.
E sou livre quando me nego a colocar um salto alto.
Eu sou livre quando viajo sozinha.
Eu sou livre quando não aceito seu não como resposta.
Eu sou livre quando choro no saguão do aeroporto.
Eu sou livre quando me apaixono pelos personagens dos livros que eu leio.
Eu sou livre quando não deixo fazerem por mim escolhas que impactarão diretamente no resto da minha vida.
Eu sou livre quando digo sim para um pedido de casamento. E sou livre quando digo não, uma, duas e três vezes.
E sou livre quando sou solteira.
E sou livre quando eu namoro.
Eu sou livre quando não aceito os rótulos que me oferecem.
Eu sou livre quando aprendo a comunicar o que eu sinto.
E sou livre quando não quero falar sobre isso.
Eu sou livre quando fico.
E sou livre quando vou embora.

Eu não sou absolutamente livre, ninguém é. Atribuímos filtros à nossas próprias histórias. Do instagram, dos nossos pais, da lente do outro. Mas há uma busca constante. Enquanto eu puder, eu quero construir minha história com base em uma liberdade adquirida, concedida à base de muitas auto responsabilizações, mas com o conforto definitivo da compreensão da lei dos efeitos e defeitos. Só um perdão demorado oferecido a nós mesmos nos permite caminhar livres, guiados por alguma coisa que se a liberdade não explicou, não deve mesmo ter nome.

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