Entrei no táxi a caminho do aeroporto e o motorista, segundo
baianinho que eu cruzava no dia, não demorou 7 segundos para dizer: “Oxê, é de
onde, morena!?”
- - Uai, quem falô qui eu num sô daqui?
Gargalhamos.
Ele já tinha me desarmado no “morena”que me dá nó na
garganta com a lembrança do moço que deixei na terra dos macarons. Eu quase
pedi um abraço. Depois ele me disse que eu tinha jeito firme, voz firme e uma
risada que o dizia que eu não era tão firme assim. Respondi:
- - Depende! Talvez desta vez você tenha errado.
Rimos de novo, mas ele ainda duvidou.
Tenho estabelecido
uma relação estranha diante de pessoas que eu nunca mais vou ver. Mas Sr.
Edmundo-fofinho-vontadedemorder-queroumavô e eu em algumas dezenas de minutos
nos contamos nossas histórias, falamos de ilusão e de esperança e de otimismo e
de egoísmo e de respeito.
Mudei de lugar e me assentei exatamente atrás dele. Nos
olhamos pelo retrovisor em momentos cruciais de nossa conversa solta.
Mas só que no meio do caminho, eu percebi que Sr. Edmundo estava
dando uma volta enorme para chegar ao aeroporto, por um caminho bem diferente
do que meu GPS me indicava. Sim, minha mania de colocar o GPS para ir de
qualquer lugar para qualquer lugar. Eu fiquei imediatamente chateada, porque
razões meio evidentes, mas decidi que só ia falar sobre aquilo depois que
estivéssemos chegado ao aeroporto.
Afinal de contas eu ainda ia ter que ficar no carro mais um
bom tempo com ele. Neste meio tempo ele começou a me indicar algumas coisas no caminho. Um monumento aqui, um
parque ali, umas ruas fofas. Falou sobre a história da cidade e sobre sua
ligação com estes lugares. Eu me distrai, curti uns cantos da cidade que eu não
conhecia e continuei curtindo a voz mansa e arrastada dele.
Quando a gente parou no desembarque do aeroporto, eu fiquei
ali 14 segundos, olhando aquele taxímetro e pensando no que fazer e antes que
eu dissesse qualquer coisa ele me disse um valor em torno de 30 reais abaixo do
que estava marcado. Perguntado, ele me respondeu como quem não diz qualquer
coisa enorme, que tinha dado uma voltinha de cortesia para me mostrar melhor a
cidade.
Eu desci do carro, não fui para fila do check-in. Assentei
em uma das cadeiras de espera, sorri sozinha e curti esta sensação melhor do
mundo que eu acho que definitivamente se eu explicar, estraga.
Amém para vida.
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