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(Não) são só palavras.

Eu não escrevo por prazer. Nem porque eu gosto. Quer dizer, não é só por prazer, nem só por gostar. Eu escrevo mesmo porque eu preciso. Porque me encontro, me acho, me coloco, me recoloco. Porque é o caminho mais curto até mim. Escrevo quando tenho algo a dizer. E quando não tenho nada a dizer também. É sempre uma maneira de me encontrar. Tudo que eu sinto vem parar aqui. Bom ou ruim. Doce ou rude. Azeda ou feliz. Pesado ou leve. Em palavras ou em entrelinhas. Em posts ou em ausências. É que não escrevo pelos outros. É por mim. É pra mim. Pelo menos primeiro é assim. Às vezes me dizem: “escreve mais; fala sobre isso ou aquilo; não fica tanto tempo sem postar.” É que eu não posso. Não é uma escolha. Toda ausência tem um sentido. Todas as palavras novas também. Entende? Não é uma opção. É sempre um processo. Escrever é. Publicar, também. É um jeito de me entender, de te entender. De te fazer me entender. Ou des-entender. É uma forma de não dizer. E uma forma de ao mesmo tempo dizer. Eu sou na essência uma mistura de tudo aquilo – e de todos aqueles - que já vivi. Aqui, sempre vai então haver esta minha história contada em fragmentos. Em pedaços pequenos ou imensos do que já passei. Aqui há minha já confessada mistura – que é mistério ou seu oposto - entre o ver, o viver e o inventar. E se é verdade, experiência ou invenção você vai ter que adivinhar. Eu não me entrego. Não tão fácil assim. Não por tão pouco. Quando se encontrar aqui, em mim, nas minhas palavras, questione se se trata mesmo de algo sobre você. Quando não se encontrar, procure melhor, é aí então que você deve estar. Um dia destes me perguntaram porque é que eu escrevo. Dentre meus vários motivos, o principal é que é uma maneira te me ter por perto de mim mesma. Também é uma maneira de me ter por perto de você. Pra quem me quiser tão perto assim.

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