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O carnaval que nunca acabou

23 de fevereiro. E eu ainda fico puta por você ter ido quando eu tinha 10 kgs a mais e o nariz maior e, portanto, nossas fotos não são tão "foda". Mas sobretudo ainda sinto vivamente a sensação do carnaval se aproximando. Meu corpo responde claramente à Globeleza na Tv, aos anúncios do carnaval de Salvador e às cores e sons dos blocos de rua. É uma mistura maluca de gatilhos que me lembram ora dos últimos dias em que eu vivi tendo você, ora dos primeiros segundos e dias que eu vivi depois de te perder. Mas eu sigo insistindo que sou melhor agora. Não há quebra não seguida de reconstrução, não há dor não seguida de maior compaixão, não há perda não seguida de maior gratidão. Meu mundo é diferente depois de ter perdido você. Meus carnavais também. Mas amo mais a vida, me preocupo bem menos com o futuro, aproveito os detalhes do percurso, sorrio muito, respeito o outro ao máximo, me coloco no lugar das pessoas, amo descontroladamente, não desisto de ser melhor. Endureci um pouco, enlouqueci um pouco, me permiti um infinito e vivi. E depois de tudo mesmo quando a última música do carnaval tocou, ele nunca mais acabou.

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