quinta-feira, 7 de abril de 2011

Minutos de silêncio.

Meus pais sempre trabalharam na área de educação. Ganharam a vida assim. E sei que na verdade ganharam muito mais. Sei que professores e quem trabalha assistindo as crianças crescerem é que aprendem de verdade. As crianças aprendem a ler, aprendem os números, aprendem geografia. Mas as lições aprendidas por quem ensina, estas sim, são lições para uma vida inteira. Sei que meus pais são pessoas melhores em razão da carreira que escolheram. E também sei que sempre viverão para isso. De alguma maneira eu os invejo porque minha carreira não tem certas doses de sensações que eles vivem diariamente.

Hoje, foi dia de tragédia. Dia de clima ruim. Dia de chegar no trabalho e assistir a olhares distantes, a um silêncio triste e decepcionado com a notícia que nos deu bom dia. “Crianças foram mortas por atirador dentro de escola.” A sala de aula e a escola são lembranças boas. Pelo menos pra mim são. São lembranças das primeiras amizades. Dos primeiros amores. Das primeiras vitórias. Vitórias... O que se viu acontecer hoje dentro daquela escola é a maior derrota do ser humano. É o pior lugar onde se pode estar. É o fundo do poço. Se isso não fosse ruim demais para se dizer do fundo do poço.

Poxa, crianças são o que, seguramente, restou de bom para o mundo. Crianças nos devolvem o que ainda há de inocência dentro de nós. Nos permitem o real, espontâneo, puro. Puras. Crianças são puras. São felizes. E nada é mais gostoso do que a sensação que me remete as risadas soltas dadas pelos pátios e salas de aula. Criança ri de tudo. De nada. Criança ri, sorri, corre, brinca. Criança acredita. Criança alcança. Criança só quer chocolate. Ou colo. Ou dar as mãos. Criança canta. Encanta. Eu me amo o dobro quando consigo ser a criança que eu insisto em ser. É difícil imaginar de onde vem coragem para tirar por um segundo sequer o sorriso da boca de uma criança. Não é coragem, é covarde. Perto de onde trabalho tem uma escola. Toda vez que passo ali só consigo ter esperança. Só consigo acreditar em um futuro bom. Porque acho mesmo que aqueles rostinhos carregam uma responsabilidade enorme consigo.

Eventos como os de hoje partem meu coração. Me tiram as palavras. Elas que normalmente transbordam, em dias como hoje, restam entaladas. Entala a garganta, o coração. Aperta um nó dentro do peito. Como desculpa (que procuro para tudo), só posso tentar crer que este “cara” não freqüentou uma sala de aula. Não aprendeu as palavras, os números. Nem o amor. E ele só deve ter colocado em prática o que aprendeu em algum lugar por aí. Hoje o post não é desabafo, não é necessidade. É só um registro de uma energia muito positiva que de coração eu passei o dia enviando às famílias que eu nem conheço, mas que, definitivamente, devem ter passado pelo pior dia de suas vidas. Muito triste. Qualquer hora ainda vamos compreender um sentido ou uma razão para dias como este.

Sem inspiração, por hoje é só. Minutos de silêncio.

Paz e amor (sem clichê). Paz e amor para o mundo.

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