Quando eu vim para França trouxe dois livros escritos em português. Um, presente de véspera das minhas duas companheiras de trabalho, rotina e vida. Outro, indicação de uma carinha aí que se foi, mas já dividiu comigo, além dos livros, algum tipo de vida. Nenhum dos dois foram ainda lidos. Eles moram na mesa de vidro do meu quarto e conversam comigo todos os dias me fazendo lembrar coisas que eu nem quero mesmo esquecer. Mas de toda forma, não, não foram lidos até este momento. Esta história aí começou quando eu desembarquei por aqui, com uma bagagem cheia de livros de gramática francesa e um não saber bem por onde começar. Ali eu decidi que não leria mais em português até eu sentir que era a hora. Eu não queria só “saber” francês. Eu queria mergulhar nesta língua, neste mundo, em um universo infinito de palavras virgens de sentimento para mim. Minha vida é feita de palavras. Sempre foi. Sempre precisei delas para me entender, para me salvar de mim mesma, para me reconstruir. Me...
o principal é o que não está escrito